Artur da Távola


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Amor: permanente ou intermitente?



 Qual o amor é melhor: aquele que é permanente e flui sem parar ou
 aquele que é feito de ódio, paixão, novo ódio, novo amor, numa
 atividade intermitente e incerta, mas intensa?



 Qual forma de amar traz a quem ama uma quantidade maior de vivências:
 amar constantemente como uma fonte que flui ou amar por espasmos
 contraditórios, vivendo os pólos do amor, da raiva, da paixão, da
 rejeição, da ternura? Chamemos (só para facilitar) a primeira de amor
 permanente'' e a segunda de amor intermitente.


Não sei a resposta. Sei que as duas formas existem e variam conforme o


 temperamento das pessoas. Umas só sabem amar deixando correr a fonte
 permanente dos sentimentos; outras vivendo as intermitências e
 alternativas (ódio-amor, amor-ódio).



 Para as primeiras (amor permanente), a interferência de sentimentos
 aparentemente contrários (raiva, ódio, rejeição) será sempre o fator de perturbação da vida amorosa.Para as segundas (amor intermitente), o


 fluir constante do sentimento de amor a tudo transformará em
 repetição, rotina e chatice, acabando por diminuir a intensidade:
 essas pessoas precisam das alternativas, das constantes ameaças de
 perda, para fortalecer a relação.



 Uma pessoa tipo amor permanente como parceiro ou parceira de outra
 tipo amor intermitente, dará um resultado tétrico de sofrimento para ambos. Um, porque se chateará com a permanência e a constância amorosa


 do outro; este, porque não tolerará as dúvidas, vacilações e
 oscilações daquele.


Já duas pessoas tipo amor permanente, definido, fluente, dar-se-ão bem


 sempre.


Igualmente duas pessoas tipo amor intermitente passarão a vida inteira


 entre brigas e conciliações dentro do mesmo episódio de paixão mútua.
 Seja numa só relação, seja em várias os tipos permanecem. Sim, porque
 os tipos podem existir dentro de relações duradouras ou passageiras.
 Um tipo amor permanente tanto pode ter várias uniões como uma só. Mas todas serão integrais, de amor fluente. Enquanto envolto numa relação,


 o tipo permanente amará sem parar, com constância. Se a relação
 acabar, partirá para outra, sempre de maneira permanente. O amor
 intermitente pode viver a vida inteira numa só relação, mas ela será
 entrecortada de paixão, procura, ódio, tédio, saudade, busca. Ou pode
 viver várias relações, inclusive paralelas, todas entrecortadas,
 repletas de alternativas.



Refletindo sobre o amor From: "Eduardo Paes"



 Artur da Távola

Sobre o amor



 O amor é um sentimento destinado à felicidade, tanto quanto ao sofrimento e também à doação. Se você ama (melhor seria dizer: se você


 é capaz de amar), não espere só grandes recompensas, respostas
 otimistas. Amar é apesar.



 Amor é o sentimento que se instala a partir do primeiro tédio. Amor
 não é o que nos atrai em alguém. Isso é atração, paixão, ou qualquer
 coisa parecida.



 Amor é o que nos mantém unidos.



 Quando menos sentimentos exaltados, mais amor, união e durabilidade.



 O amor é um sentimento embaraçado nas raízes fundas do sentimento.
 Quem ama nem tem consciência dessas raízes. Teme-as. Prefere não
 vê-las.



 Porque vê-las será revelar-se. E revelar-se assusta.


O amor é também o sentimento misturado com rejeição, raiva, irritação,

convivência, desinteresse, tédio, o vazio a dois, o sumiço da paixão e


 as emoções mais intensas.



 Ele é tão grande, tão pleno, tão poderoso e incrível que resiste a
 tudo isso, inclusive as impossibilidades, estranho veneno que o
 alimenta. Mas isso é amor dodói. Amor saudável é apenas bom.


Você não deixa de amar apenas porque já não gosta igual ou não sente a

mesma atração. Talvez só agora você comece a ficar madura o suficiente


 para poder começar a amar.


Pessoas que se atraem à perdição talvez ainda nem começaram a se amar.


 Enquanto apenas se atraírem, não alcançarão o amor. Alcançar o amor
 tem tanto de renúncia quanto de alegria, felicidade ou glória. Sim, a
 felicidade pessoal é compatível com o amor. Infelicidade, jamais. Mas
 amor é sério demais para almejar apenas felicidade. O amor visa a
 eternidade. A felicidade é apenas um caminho para ela.


Assim como é preciso alguma crueldade para viver. Assim como há sempre


 alguma agressão embrulhada em qualquer vitória, assim, também, a
 alegria precisa de alguma inconseqüência. Sem esta, restará apenas a
 lucidez, que é sempre repleta de ''trágicos deveres''. Libertando-nos
 da plena consciência, a inconseqüência nos permite alguma alegria. Já
 felicidade é outro assunto. Está no campo do amor.



 Felicidade ganha de alegria assim como amor ganha de paixão. Mesmo
 quando venha nesta embrulhado.


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