ARTUR DA TÁVOLA


                     Invasão Fonográfica
                                   
       (Gentilmente cedida por Artur da Távola para o
                                   
                      Armazem de Sonhos
                                   
                 e o Sonho Digital )
                                   
 Nosso País não tem qualquer preocupação legal ou institucional com a
 defesa de sua cultura. E ela vai sendo vítima, também. Nos dias que
   correm (como nunca antes em toda a história!), é avassaladora a
  penetração de formas musicais alheias às nossas, mera imposição de
  regras de mercado, principalmente o fonográfico ( tá dominado pelo tigrão querendo convencer-nos de que tapinha não dói ), seguido da abulia e falta de reação, de imaginação e de criatividade da maioria das rádios. Estas, do ponto de vista musical, são apenas
 um veículo propagador do que decidem as gravadoras. Não por
    dependência, mas por inação, passividade, ausência de
                            criatividade.
                                   
  É um momento difícil para os nossos músicos, intérpretes, cantores e compositores. O funk , o rock , o techno , o axé (dos rebolados insinuantes), o pagode cansativo e sempre igual, aos
  poucos ganharam. Impostos lentamente, encontrando esparsos
          movimentos de resistência de nossos ritmos e seus
               representantes, acabou por liquidá-los.
                                    A quantidade de imitação nas rádios, principalmente em FM, é de
 estarrecer! Basta a fórmula de uma emissora dar certo para as demais
  seguirem-lhe o passo e não apenas na mesma cidade: em todas. Até o
  modo de falar dos locutores de FM é semelhante. Possuem os mesmos
                   tiques, estilos e sonoridades.
                                    O êxito de mercado é um indicador importante, porém, não o único
medidor de valor e interesse de uma obra ou de uma cultura musical. Os programadores da rádio (importantes agentes da propagação cultural) são
  presas do fascínio pelo que faz o concorrente, em vez de corajosos profissionais capazes de buscar caminhos originais e próprios. Vivem da
    suposição de que a fórmula que deu certo não tem variações ou
oponentes. De televisão, nem falar. Quinhentas vezes pior que o rádio
                          nesse particular.
                                   
   Os artistas nacionais estão vivendo fase dificílima pela
 conjunção de fatores que os afasta do próprio mercado e pela
     dimensão macro dos processos industriais modernos a impossibilitar o êxito das honradas tentativas independentes ou
                            alternativas.
                                    Já vai longe o esforço das gravadoras na década de 60, quando se
  promoveu, se alimentou e se manteve até no exílio uma equipe com o valor de Chico Buarque, Caetano, Gilberto Gil, Bethânia, acreditando-se
                        na música que faziam.


Hoje as rádios e as gravadoras não repetem o esforço. Talentos fortes vão se estiolando, cansando, desistindo, entre os novos.
 Entre os antigos lavra o cansaço, a mágoa e a dor. Este é um tempo de profundo interesse cultural disfarçado entre as tarefas
       do mercado e diluído pelos ecos da crise maior.




                           Artur da Távola


               Secretário da Cultura do Rio de Janeiro


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