Duas reflexões |
Conjugando o conjugal.
Palavra para a qual raramente se atina é conjugal. Por que conjugal? Porque viver junto (não me refiro apenas ao casamento contratual tradicional) é conjugar. Conjugar é viver todos os tempos e pessoas dos verbos. É saber ser eu, ser tu, ser ele, ser nós, ser vós e ser eles, sem perda da individualidade fundamental. Conjugar é viver vários tempos – presente, passado e futuro – e várias pessoas em nós. Conjugar é, pois, articular a complexidade de cada ser com a complexidade do parceiro/a.
Mas conjugar é, também, com+jugo. É estar com o jugo amoroso do outro. É
com jugar. Não é subjugar (como no machismo tradicional). É estar não
sob o jugo, mas com o jugo (compreensivo e amoroso) do outro. É estar
com a vivência do amor em todas as pessoas (eu, tu, ele, nós, vós,
eles). É ser vários em um. É uma troca permanente e não a imposição de
uma das partes.
Conjugal, cônjuge, portanto, mais do que a palavra tornada fria pelo
uso, possui o sentido profundo de conjugação, integração, articulação do
par amoroso, através de uma união que pode se chamar casamento, amor,
amizade colorida, transa, tanto faz. Cônjuge é quem conjuga com e não
quem mora com ou tem o papel assinado ratificando o caráter legal da
união.
Para conjugar o verbo amar é preciso conjugar o verbo ser. O amar é um
exercício de felicidade, não de poder.
Sugestão a comunicadores
1) Sentir o público e atendê-lo no que quer, mas sempre fugir de
alimentá-lo com evasão e devaneio. Em relação ao que se emite,
equilibrar o que abasteça a vontade com a necessidade do público.
2) Contribuir para que as comunicações não sejam alienações da realidade
ou se transformem em desfiles de inconseqüências bem vestidas, bem
despidas e bem maquiadas, apenas por motivos mercadológicos.
3) Saber como fazer para mostrar o que é e como funciona o egoísmo
geral. Fazê-lo, no entanto, sem recolher a raiva correspondente. Mostrar
as verdadeiras causas da dor, da injustiça e da miséria. Revelar também
a possibilidade de amizade, amor e ternura.
4) Colocar o trabalho a serviço do próximo, sobretudo dos mais fracos,
os pobres e os enfermos, sem transformá-lo, porém, em demagógico
expediente de exibição da miséria e do sentimentalismo com fins
mercantis ou de audiência.
5) Enfrentar, a cada dia, um novo desafio ético. E ética significa
equilibrar as contradições em função dos objetivos maiores de elevação e
aprimoramento da conduta e do comportamento humano.
Quarta, 19 de junho de 2002.
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