ARTUR DA TÁVOLA |
Concreta e objetivamente, concebo o comportamento ético em
quatro níveis que devem operar de modo integrado, integrante e
integrador: a) a ética do comportamento individual; b) a ética
do comportamento público; c) a ética das responsabilidades; e d)
a ética dos objetivos ou das finalidades.
Um indivíduo irrepreensível no seu comportamento pessoal pode
ser paupérrimo no tocante aos objetivos ou finalidades de sua vida.
Pessoas éticas no tocante a seu comportamento público podem exibir
incompreensíveis egoísmos ou autoritarismos no comportamento pessoal.
E assim por diante.
Não se pode, portanto, tomar o comportamento ético por uma de
suas vertentes. Visão evoluída, madura e equilibrada do problema
levar-nos-á a buscar a adequada integração entre as várias formas
através das quais o comportamento ético se manifesta. Assim:
A ÉTICA DO COMPORTAMENTO INDIVIDUAL: tanto regula os atos
individuais externos como as formas psicológicas e interiores de
tratar e conceber a individualidade, o ser, a espiritualidade.
Exige intenso e diário trabalho interior e seus problemas e
conflitos em geral aparecem sobre a forma de enigma.
A ÉTICA DO COMPORTAMENTO PÚBLICO: cabe a pessoas direta ou
indiretamente relacionadas com a coletividade. Ela junta os
padrões da ética de comportamento individual com os aspectos
legais, regulamentares e a subordinação sempre crítica (e
reflexiva) aos postulados do bem comum.
A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE : é de difícil caracterização
verbal. Implica na energia necessária ao cumprimento dos deveres
e tarefas pessoais ou públicas, compatíveis com o nível de
responsabilidade característicos de cada vida. Exemplos:
paternidade, maternidade, chefias, postos de mando ou condições
de influência (políticos, jornalistas, comunicadores,
sacerdotes). Há uma ou várias responsabilidades relacionadas com
compromissos assumidos ao longo da vida. A ÉTICA DOS OBJETIVOS: é
das mais complexas e profundas. Representa a escala de valores dentro da
qual o indivíduo seleciona as finalidades e os objetivos tanto da
própria vida quanto de sua ação pública. Representa a
subordinação aos grandes princípios da vida: a liberdade, a fé,
a justiça, o amor. Quanto maior a compreensão temos, maior a
escala dos compromissos éticos com as finalidades e objetivos de
cada vida.
Artur da Távola
Secretário da Cultura do Rio de Janeiro