F. Pereira Nóbrega



As filhas do silêncio

Um semanário fala de nossas meninas ditas “ de exportação”. porque prostituídas. Um jornal local diz que são 40 mil na Paraíba. Anos atrás, a mídia se orquestrou para a ópera que o Governo encomendava. O nome dela era “turismo sexual”. O mundo ficou sabendo que sexo com menores, até de 5 anos, é no Brasil. Então se fez lei punindo turistas em sexo com nossas menores.

Não, senhores, turistas não as prostituíram. Isso é coisa de brasileiro sob um regime social que gerou já ½ milhão de meninas prostitutas. Nos Bancos, para garantia do dinheiro, há guardas treinados. Gente vale menos. Menos que gente, que dinheiro, pivete é lixo social. No pesado inverno europeu, meninos de rua se juntam, à noite, debaixo das pontes. Além de seus corpos, nada mais possuem. Aconchegam-se. O corpo de um é o cobertor do outro. Sobrevivem ao frio até que passe a longa noite da vida.

Nossa bandeira não pode aparecer em propaganda ou carnaval. É símbolo sagrado. Mas a real bandeira de um povo são suas crianças, seu futuro, esperança. Nosso pendão maior apodrece na prostituição. CPIs, na Câmara, na AL, se repetem, se engavetam, sem punição. Dizem que meninas de menor são objeto de cama e luxo de marajás paraibanos.

Órgãos que cuidam desses menores são precários, até contraproducentes. Quase nem podem ser acusados. Quando à respiração falta oxigênio, nada o substituirá. A família é o oxigênio social do menor. A resposta não é reclusão para eles, cadeia para seus exploradores. É a mãe que não tiveram. Na Febem, há profissionais treinados. Não é solução. Mãe é amor, não é profissão. Deles a cola é regaço, fuga, amparo, a mãe que nunca apareceu, a carícia que nunca chegou.

A mãe, que lhes falta, lhes deu a vida. A cola que cheira, lhe dará a morte. Há milhões de menores que se sabem gerados. Não sabem quem os gerou. São os filhos do silêncio. Deles se fala se um mata o outro, se uma lei diz que vai salvá-los. Se o seqüestro toca o empresário, a mídia não consegue esquecer. Ele tem dinheiro no Banco, indústria na praça. Pode pagar o resgate. Estes, somente mãe os guardaria, somente o silêncio os guardará..

Nós, brasileiros, consagramos em Constituição o regime que gera prostitutas, aos milhões. Ele as escolhe, quantas quiser, na idade que quiser. Depois, quer pôr turistas na cadeia, dizendo-os culpados da vergonha que aqui continuarão encontrando.


Envie carta para VINI E JOBIS

Copyright (c) 2000 - >Esta página foi gerada através do Intervox, mais um utilitário de rede do Projeto DOSVOX Contacte o coordenador do Projeto