LER E PENSAR - FRANCISCO PEREIRA DA NÓBREGA

Ler e pensar

- F. Pereira Nóbrega

Quando a tv chegou, se imaginou que o cinema se acabaria. Quando o videocassete, se acresceu que a tv tinha seus dias contados. Depois, veio o telão. Depois ainda, as televisões alternativas, a cabo, e outras mais. E o cinema continua. Ao menos pela boa razão que é fora de casa, o cinema continua. A corrida tecnológica oferece substituições parciais de inventos anteriores. O cinema oferece, sobre o lar, o momento social, o sair de casa, ver outros rostos, também produzir-se para exibir-se.

Depois, se disse: a tv dispensará o livro. Não o dispensou, ao menos pela boa razão que são meios diferentes para fins opostos.

O livro serve ao pensamento. A tv, à emoção. Imagens em movimento, cachoeiras de imagens por minuto, - sem intervalo para eu voltar a mim - mais lembram lavagem cerebral que pensamento. Televisão é hora de adrenalina . Leitura é hora de pensar.

Mesmo quando segue o roteiro da emoção, livro é pensamento. É raciocínio, dedução, indução. É verdade mais restrita, explicitando verdades mais universais. São fatos de que o texto extrai o denominador comum, para novas conclusões. Vez por outra o leitor pára e pensa. Também relendo, repensa. Fecha os olhos para ver - que é a maneira mais profunda do pensar.

Se o cinema não perdeu para a tv, nem ela ganhará para o livro. Pela conversa, o jovem já se revela um habitual da tv ou da leitura. Se tem na cabeça apenas o particular que repete - aquela cena, pessoa, lugar, circunstância - é um vidiota - consumidor de imagens. Se maneja idéias, as compara, se discute, argumenta, se deduz, conclui, esse é um homem de leitura. Quase todo ele é um depositário de idéias.

A modernidade, com seus inventos, serve à emoção mais que ao pensar. Quem aprendeu na escola de ontem, depois dela se fez pobre do saber, se nela não aprendeu a pensar. Como trens, na escola se anda sobre binários, de conteúdos das matérias e do pensamento que os assimila. Conteúdos científicos, perante novos avanços, rapidamente se fazem obsoletos. Da escola mesma o mais útil não são eles.É a capacidade de pensar que para a vida restar.

A escola passa. Pensar não pode passar. A tv emociona, mais rápido que a escola. Emoção também passa e pára. Pensar não pode parar. Então urge sermos homens de permanente leitura.

Quinta, 24/7/2003



   rETIRADO DO cORREIO DA pARAÍBA


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