Jornal Correio da Paraíba |
F. Pereira Nóbrega
Impróprios para viver
Somos habituais do álibi, transferindo nossas culpas a terceiros. Até a coisas atribuirmos o mal das pessoas. Leia na entrada do cinema: "filme impróprio para menores de 18 anos". Corrija: menores de 18 anos (se presumem) impróprias para o filme. Impropriedade, se há, está neles. Se a serpente é venenosa, se o filme é impróprio, o são para todas as idades.
Não só para o filme, para muita coisa na vida há pessoas impróprias. O que mais vemos são despreparados para o sucesso. Aquele ficou famoso? Saltou para o estrelato? Assumiu outra moral, prepotência, arrogância, ar de majestade.
Cachorro tem festa de rico onde se come ouro em pó. Artistas exigem do hotel, onde se hospedarão, toalhas com fios de ouro. tais cores nos tapetes, tais outra nas cortinas. Imaturos para o sucesso, sequer se percebem esses filhos do ridículo.
Elvis Presley por vez se indignava porque julgava poucas as palmas recebidas. Cochicham na surdina que a droga corre solta entre os que, de repente, fizeram fortuna. Nalguns, a glória parece enlouquecer. Lembram Nero, incendiando Roma, só para assim vê-la.
Não só para o estrelato, é impróprio para a vida quem para ela não se preparou. Educar é exatamente isto: ensinar a viver. Se na sociedade do eterno rush pais e filhos mal convivem, mal se educam as novas gerações. Transferem essa missão à escola que hoje informa, não educa, não forma.
Anualmente, multidões jovens são jogadas no mundo, impróprias para nele viverem. Buscam sobretudo o que a sociedade ensinou e a família não teve tempo de corrigir: sucesso e dinheiro, fora dos quais falta razão de viver.
Gerações não educadas ainda não recorreram à violência, estupro, droga, sequestro? Não brincaram de queimar índio vivo? Não exigiram fios de ouro na toalha? Não se indignaram com o pequeno aplauso? Não puseram ouro em pó, no birthday da cadela, no prato do banquete,? Por dentro, tudo isso monta vigília, esperando a hora do estrelato, glória, dinheiro.
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