He-Man


- F. Pereira Nóbrega -

Cada povo tem seus valores e conforme essa escala organiza a sociedade. "Time is money" - diz o americano. E construiu para si a civilização do lucro. Cada povo com seus valorais, como o Japão com seu monte sagrado, a índia com sagradas vacas, o Italiano com seu romantismo, o alemão com rigidez e ordem.

É fundamental que cada povo tenha sua face, identidade, através dos valores cultivados. Isso define sua cultura. Parece que não temos heróis nem valores Parece que nem mitos nós temos para nossa fantasia. Importamos o que não é brasileiro nem latino-americano. Nem português jamais foi.

Na música que ouvimos, nas rádios FM, mais nos chega o produto do Exterior. Alguém, de fora, nos está fabricando uma cultura, de convivência com a miséria, como se fora com a normalidade.

Até há pouco, nas estórias em quadrinhos, em seriados da tv, na ansiedade de nossas crianças, o grande valor era He-Man, um enlatado americano que nos era importado.

De nossos índios e negros, de nossos bandeirantes e escravos, de nossos militares, nossas guerras, de nossos folclores e nossos mitos, nada restou para contarmos a nossos filhos. Parece que somos um povo sem heróis, sem imaginação.

He-Man nos pedia a palavra e, diariamente, falava a nossas crianças. Antes dele eram Batman e sua Batgirl. E assim recuamos até os dias de Tarzan, todos super-homens, modelos americanos para consumo brasileiro.

Passaram todos? Ninguém se iluda. Um interesse de geopolítica os fabricou. Seus mentores devem estar preparando as versões do terceiro milênio.

Sim, porque todos esses heróis contam a mesma mentira. Falam da força, do poder, da vitória individual, na competição. Todos eles nos estão dizendo a mesmíssima coisa que o neoliberalismo anuncia em todos os meridianos do Planeta: toda miséria é merecida. Nascemos desiguais, então seja desigual a sociedade. Quem não tem competência não se estabeleça.

Eu quisera outro He-Man, outro Batman, organizando grupos humanos para a justiça social. Quisera estórias em quadrinhos, contando a utopia dos quilombos - na raiz de nossa cultura, de nossa realidade.

Sexta-feira, 1 de fevereiro de 2002

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