Boletim Informativo da Associação Paraibana de Cegos -- Apace

Ano VI, No. 19, Janeiro/Maio/2001

Impresso no Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha,
João Pessoa/Pb

Associação Paraibana de Cegos -- Apace
Sede Social:
Rua José Santana, S.N,
Conj. Valentina Figueredo I,
Tel. (0xx83) 237-5267

Endereço comercial:
Rua Maria Ester Mesquita, s.n,
Centro Social Urbano Monsenhor Padre José Coutinho,
Bairro dos Ipês,
cep, 58028-700,
João Pessoa/Pb
telefax (83) 225-3377.

Expediente

Edição: Joana Belarmino
Revisão: Lusia Maria de Almeida e Maria do Socorro Belarmino
Impressão e Encadernação: Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha
Tiragem de 100 (cem) exemplares

Endereço para Correspondência:
Av. João Rodrigues Alves, No. 50, Bloco G, Apto. 101,
Condomínio Sombreiro, Bancários,
Cep, 58051-000,
João Pessoa/Pb
Tel. (83) 235-5883
E-MAIL:
pandora00@uol.com.br
homepage:
http://INTERVOX.nce.ufrj.br/~joana

Distribuído gratuitamente para Associações e Instituições de e para cegos

Veja nesta Edição:
Apace e Socep: A Unificação Concretizada...
Entre "Titelas e Varais", Advogado Cego ensina ao Mundo Jurídico uma Antiga Lição de Coragem...
Veja o relato de Lusia Almeida, inaugurando a coluna Opinião...
Em Curtocircuito, confira mais conquistas desportivas da Apace!
Saiba de lideres associativistas que se destacam no serviço público...




Veja nosso
Editorial


Vencendo Desafios:
Um Relato sobre o Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha Relato de Lusia Almeida


Apace e Socep: A Unificação Concretizada
Quase dezessete anos foram passados, centenas de voltas foram dadas à chave do tempo, até que o movimento associativista dos cegos na Paraíba apreendesse as lições da subdivisão, do fracionamento...


Entre "Titelas" e "Varais":
Defensor Público Cego Ensinaao Mundo Jurídico Uma antiga Lição de Coragem...


Curtocircuito
II Senabraille em João Pessoa

A Associação Paraibana de Cegos, conjuntamente com o setor braille da biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba realizam em JOão Pessoa, no período de 7 a 11 de maio, o II Seminário Nacional de Bibliotecas Braille.
Leia também: Politica, esportes e outras informações...



Confira nossas versões anteriores online em:
Outras edições





Editorial

Entrelinhas Retorna e Inaugura um Novo Tempo

Amigos Leitores:
Durante todo o ano de 2000, uma série de dificuldades impediram que Entrelinhas circulasse junto ao seu público: as associações e instituições de cegos, e o sem número de pessoas físicas, apreciadoras do nosso periódico, seja na sua versão em braille, seja no seu formato digital.
O começo do novo milênio, no entanto, prenuncia uma nova fase no que toca à publicação do boletim.
Entrelinhas retoma seu diálogo com os leitores, sendo o veículo de comunicação e de divulgação de uma associação nova! Isto mesmo. As páginas do nosso periódico contarão a história da unificação das duas entidades de maior representatividade na Paraíba, a Associação Paraibana de Cegos e a Sociedade dos Cegos da Paraíba.
Os leitores poderão informar-se melhor sobre essa unificação na reportagem a seguir. O leitor verá que neste número não seguimos a periodicidade trimestral com que circulava o boletim. Embora este novo ano seja promissor, no que toca à facilidades de nossa publicação em braille, decidimos nessas primeiras publicações, priorizar a qualidade da informação, em detrimento da quantidade de números publicados.
O tempo e as lições da unificação, assim como o retorno dos nossos leitores serão os guias para uma definição mais consolidada quanto à periodicidade do boletim.
Aproveitamos pois o espaço deste editorial, para a partilha de um misto de muitos sentimentos positivos: Alegriapelo que fomos capazes de construir no movimento associativista do estado; energia para recomeçar o trabalho e restabelecer o contato com nosso público leitor; desejo de contribuir para uma melhor qualidade de vida das pessoas cegas, sendo sempre esse canal que ao mesmo tempo comunica, informa, conscientiza e dá prazer.


(((( Opinião ))))

Entrelinhas aguarda sua colaboração para esta coluna. Os artigos não devem exceder a um máximo de cinco páginas em braille. Podem ser enviados via e-mail ou pelo correio (vide endereço no expediente), preferencialmente em braille. A correspondência deve trazer também uma pequena nota com dados pessoais do autor-colaborador.
A equipe responsável pela edição do boletim não publicará aqueles artigos que fugirem da linha editorial do periódico, a qual se baseia na liberdade de expressão, desde que esteja fundada no respeito, na ética e nas regras de boa convivência.
Entrelinhas não se responsabilizará pela devolução dos artigos recusados.
Agradecemos sua participação!

ÍNDICE


A primeira colaboração para esta coluna é um relato objetivo e ao mesmo tempo uma lição de otimismo. Confira!

Vencendo Desafios: Um Relato sobre o Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha
Lusia Almeida

O Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha, na verdade, faz parte da minha vida. Nele ingressei, em 1973, como aluna do então ensino de 1º grau, com nove anos de idade. Após concluir a 3ª série, fui estudar em uma escola regular e no ano de 1984, já formada no magistério, retornei ao Instituto como professora de alfabetização. Pouco tempo depois, em 1986, afastei-me para fazer um trabalho em prol das pessoas portadoras de deficiência visual na Secretaria de Planejamento do Estado, mas, logo, logo, lá estava eu de volta (1989),aceitando o convite para ser sua Diretora de Relações Públicas. Tal fato foi um marco em nossas histórias: fui a primeira pessoa cega a fazer parte da Diretoria do Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha. A partir de então, venho desempenhando ali funções administrativas : por duas vezes consecutivas -1991 e 1994 - fui escolhida para exercer a vice-presidência; em 1997, ano da primeira eleição direta do Instituto, fui eleita Presidente e, com isto, a instituição foi tem, novamente , pela primeira vez em sua história, uma pessoa portadora de deficiência visual ocupando o cargo da presidência ; e , agora, ano 2000, fui reeleita para mais um mandato de três anos.
Sou procedente de uma pequena cidade do interior do Estado da Paraíba ,mas meus pais, apesar de terem pouco estudo , tiveram a iniciativa de buscar meios para a minha educação e foi a soma destes ingredientes -muito mais propensos ao fracasso que ao sucesso (nordeste, cidade do interior, pobreza, mulher, mulher cega) que me motivaram a falar um pouco da minha experiência profissional .
O meu envolvimento com o Instituto dos Cegos da Paraíba começou na infância e ali fui construindo saberes e conquistando espaços , exercitando cidadania .Esta trajetória me foi provando o que uma pessoa cega é capaz de realizar, quando lhe são dadas oportunidades. E o Instituto dos Cegos da Paraíba vem cumprindo importante papel social neste sentido. Fundado em 1944 por d. Adalgisa Duarte da Cunha , passou a ostentar o nome de sua fundadora a partir de 1961. Ninguém sabe ao certo que motivos levaram esta senhora a criar o Instituto dos Cegos. O que podemos afirmar, sem medo, é que, numa época em que a educação de pessoas cegas ainda era um desafio no Brasil, e estas eram, na sua grande maioria, vistas como um estorvo para suas famílias, uma senhora da sociedade acreditou que nelas havia um potencial adormecido e resolveu mostrar aos descrentes que, incentivadas , as pessoas cegas seriam capazes de superar suas próprias limitações.
D. Adalgisa iniciou seu intento com muita ousadia : rompeu inúmeras barreiras, aprendeu o Sistema Braille, escreveu os primeiros livros para seus alunos cegos , e a seu exemplo de coragem e determinação juntaram-se outras pessoas . Falecida em 15 de novembro de 1971, deixou sua obra firmada em bases sólidas , legando , também, um patrimônio físico que garantiria a continuidade das ações beneméritas.
O Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha está sediado na Avenida Santa Catarina, nº 396, Bairro dos Estados, na cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba. É entidade filantrópica, de direito privado e sem fins lucrativos. Reconhecido como de Utilidade Pública Estadual e Municipal, está registrado no Conselho Nacional de Assistência Social, no Conselho Estadual de Educação, nos Conselhos Municipais de Assistência Social, de Saúde , da Criança e do Adolescente .
Ele se mantém mediante convênios com instituições governamentais e não governamentais, assim como por doações da sociedade civil.
Atualmente, visando prestar assistência a crianças, adolescentes, jovens e adultos portadores de deficiência visual, nas áreas de educação reabilitação, profissionalização, cultura, esportes e lazer, funciona como escola , até a 4ª série do Ensino Fundamental, nos regimes de internato, semi-internato e externato. Como internos, são admitidos os deficientes visuais na faixa etária dos cinco aos dezessete anos. Após concluírem a 4ª série, os alunos são encaminhados à Rede Regular de Ensino, onde podem contar com o acompanhamento dos professores itinerantes, até o Ensino Médio e ou Supletivo.
No setor de rehabilitação, o Instituto ministra cursos de Orientação e Mobilidade (OM) , Atividades da Vida Diária (AVD), Técnicas de Braille e Sorobã, Datilografia Braille, Escrita Cursiva, Iniciação à Microinformática e à Música. Na área desportiva, desenvolve as modalidades de atletismo, futebol de salão, natação e goalball, num trabalho de parceria com a Associação Paraibana de Cegos (APACE).
Neste ano de 2000 ,contamos com setenta alunos matriculados e frente à complexidade do mundo moderno, aos avanços técnico-científicos na área da deficiência da visão, bem como às conquistas sociais das pessoas cegas o Instituto está construindo o seu projeto político-pedagógico voltado à Escola Inclusiva. Como entendemos que neste contexto é preciso termos uma Sociedade Inclusiva para que as minorias exerçam seus direitos e deveres, conclamamos todos a que participem conosco desta parceria, a fim de que possamos juntos, usufruir de uma sociedade mais justa e democrática.
Gostaria, portanto, que este meu relato provocasse nas pessoas uma vontade férrea de vencer, sobretudo nas pessoas portadoras de deficiência visual. Que ele as encorajassem a enfrentar desafios e a tomar conta, com responsabilidade, dos destinos das entidades que nos representam.

*** Lusia Almeida é jornalista, estudante do curso de Pedagogia da Universidade Federal da Paraíba, Diretora do Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha.

ÍNDICE


Apace e Socep: A Unificação Concretizada

(reportagem de Joana Belarmino)

Quase dezessete anos foram passados, centenas de voltas foram dadas à chave do tempo, até que o movimento associativista dos cegos na Paraíba apreendesse as lições da subdivisão, do fracionamento. Quase dezessete anos em que o movimento trilhou um caminho com suas duas margens, duas plataformas, duas associações. Duas siglas, duas falas para um mesmo interesse comu: A melhoria da qualidade de vida das pessoas cegas no estado. E eis que no dia 27 de janeiro de 2001, em uma assembléia histórica, a Sociedade dos Cegos da Paraíba, sob a presidência de Josefa Joseneide de Melo deu a última volta na chave do tempo, diluindo a última fronteira existente, lavrando em ata, a unificação das duas entidades locais.
As linhas dessa reportagem pretendem traçar a síntese dessa história. Uma história que não se diferencia em nada da história dos movimentos sociais no Brasil, feita ora por junções, uniões, ora por fragmentações, divisões, subdivisões. Quando a Socep nasceu, em 1973, congregava a grande maioria das pessoas cegas e de baixa visão, hjovens e adultas, concentradas na grande João Pessoa. Era uma entidade ativa, que nos anos oitenta, esteve ao lado das entidades de maior representação em nível nacional, e também mostrou-se em peso nas ruas da sua cidade sede, reivindicando, protestando, exercitando uma nascente politização que exibia à sociedade, a luta pela emancipação e pela cidadania das pessoas cegas.
Disputas políticas internas, interesses divergentes. Esse binômio gerou o corte, a cisão. Em novembro de 1984 nascia a Associação Paraibana de Cegos, Apace, arrebanhando inúmeros filiados da associação matriz.
Inaugurava-se pois uma nova geografia no movimento associativista local. Nascia a estrada com suas duas margens. Duas fronteiras que ora pareciam inconciliáveis, ora partilhavam lutas, conquistas, a festa e o lazer.

Unificação. Pode-se dizer que esta foi a palavra chave dos anos noventa que marcou o movimento associativista dos cegos em âmbito nacional e local. Poucos foram no entanto, os passos dados nessa direção. Não parece tarefa fácil o gesto de costurar o conjunto de interesses que permeia o cotidiano do movimento.
Na Paraíba, uma primeira tentativa de unificação das duas entidades, levada a cabo em meados da década de noventa, e que mobilizou a totalidade dos sócios filiados fracassou.
Se a unificação de agora se concretiza sem maior alarde, quase em silêncio, revela o amadurecimento de líderes associativistas que não gostaram do exercício de estarem divididos, quando a causa comum exige o gesto de estarem todos juntos, não importando a sigla.
Se na fachada da sede social da Socep ainda não foi possível trocar a sigla, nas cabeças dos dirigentes, dos associados, nos projetos que ora se articulam já prevalece a sigla nova da única associação, que se chamará de agora em diante Associação Paraibana de Cegos, Apace. Com a unificação, cresceu o patrimonio da Apace, que agora dispõe de duas sedes, sendo uma para o alojamento de estudantes cegos vindos do interior, assim como para as atividades de lazer. A antiga sede da Socep é agora o novo endereço comercial da Apace.
Duplicaram-se os equipamentos de informática e os meios de transporte. Mais importante porém, é o fato de que cresceu o número de associados, qualificou-se e ampliou-se o material humano que a partir de agora pensará a nova política associativista local.
José Antonio Ferreira Freire, Josefa Joseneide de Melo; ele, presidente da Apace. Ela, presidente da extinta Sociedade dos Cegos da Paraíba. Lado a lado, no mesmo escritório, os dois protagonizam os primeiros momentos dessa fase de transição, em que é preciso gerenciar trâmites burocráticos, conciliar interesses, preparar as eleições que homologarão a nova diretoria da entidade, a realizarem-se em 26 de maio próximo.
"A unificação se concretizou, mas há ainda um longo caminho a vencer", afirma José Antônio. "Acho que o cenário do movimento associativista local precisa ser redimensionado, nossos projetos precisam de fato estar sintonizados com as necessidades das pessoas cegas, para que nunca mais precisemos nos dividir", adverte Joseneide.

ÍNDICE


Entre "Titelas" e "Varais":

Defensor Público Cego Ensinaao Mundo Jurídico Uma antiga Lição de Coragem.
(Reportagem de Joana Belarmino)

Subimos escadas, percorremos compridos corredores. O intermitente ruído de uma máquina de escrever nos adverte de que estamos diante da porta da sala do advogado de ofício José Belarmino de sousa, Defensor público da Terceira vara de Família, Comarca da cidade de Bayeux. Entramos. A máquina crepita incessantemente. Em volta do birô do advogado, uma pequena multidão de pessoas humildes, senhores idosos, jovents grávidas, mulheres de meia idade, seguram papéis em silêncio, olhando para aquela cena de um homem que escreve, escreve, sem descanso.

José Belarmino de Sousa, 47 anos, é o único defensor público cego em atividade na Paraíba, desde 1982. Da sua velha máquina de escrever, já saíram mais de dois mil processos de sua própria lavra, a fora aqueles processos em que teve que substituir colegas.
Essa reportagem resume os quase vinte anos dessa história, em que o causídico tem arrolado milhares de experiências. Aprendeu a deslindar um dicionário popular para a nomeclatura jurídica. Conheceu a discriminação e o preconceito, advindos da parte dos próprios colegas; entre "titelas" e ""varais", "furatelas" e "escorpiões", ensina ao mundo jurídico, a antiga lição de coragem que aprendeu do seu próprio pai.
Numa noite lonjínqua da infância, quando já eram meia dúzia os filhos cegos de Mariano Belarmino que dormiam nas alvas redes compradas na feira, o pai fitou os rostos infantis e perdeu o sono. No dia seguinte decidiu procurar o juiz da comarca de São José do Egito, Município ao qual pertencia o distrito de Itapetim, para aconselhar-se.
Tirou respeitosamente o chapéu em frente do Dr. Inácio Valadares e disse que queria colocar os filhos cegos na escola. O juiz se riu daquela cara magra, daquele desejo e sentenciou: "compre violas, compre sanfonas. Ande com seus filhos pelas feiras, a pedir esmolas, e o senhor vai ficar rico em um ano".
Mariano engoliu seu desapontamento e deixou a sala do juiz em silêncio. Procurou o padre da cidade, João Leite, que sabia de uma escola para cegos na cidade de João Pessoa.
Alguns anos depois, quando já andava pelo terceiro volume do livro "Meu Tesouro" em braille, José Belarmino escutou a antiga história do juiz e prometeu a si mesmo que seria advogado, que um dia ficaria frente a frente com o doutor Valadares para lhe dizer: "Veja, doutor, no que deram as suas violas e as suas sanfonas".
É certo que nunca encontrou Valadares em pessoa. ele morrera algum tempo depois daquela sentença. O mundo jurídico porém, é farto em senhores Valadares, que têm podido aprender do advogado cego, a antiga lição de coragem. Com um salário líquido de pouco mais de 1500 reais, José Belarmino diz que está "cansado", mas na sua mesa não param de chegar processos. Só no último mês de março, deu entrada em 57 processos na vara de família, foi a diversas audiências em municípios vizinhos, substituiu colegas em processos nas varas da família e criminal. Confessa que seu ramo predileto de atuação é a vara de família . Concluiu o curso de Ciências Jurídicas na Universidade Federal da Paraíba e especializou-se na mesma universidade na área do direito civil. Como defensor público, já ocupa a terceira entrância, último degrau da carreira de advogado.

A cegueira lhe atrapalha no exercício da profissão, pergunta-lhe a reportagem de entrelinhas:

"Atrapalham os meus próprios colegas, que me discriminam, por conta da cegueira. Muitas vezes soube de colegas que aconselharam clientes a não me procurarem para defender suas causas. Mas a coisa funciona quase como uma contra/corrente. Os clientes, quando têm seus processos bem sucedidos, vão espalhando que na comarca de Bayeux tem um "advogado cego muito famoso". Quanto mais fama, mais trabalho. ando meio cansado". Encravado entre a capital, João Pessoa, e a cidade aeroportuária, Santa Rita, o município de Bayeux, que herdou seu nome dos temposda colonização francesa abriga uma população estimada em 110 mil habitantes. São operários de indústrias de cisal, pequenas fábricas de produtos químicos, confecções, entre outras. No tete a tete com o Doutor Belarmino, exibem o seu dicionário popular para a complicada nomeclatura jurídica dos seus processos.
Conta o advogado: "Num processo de tutela, é comum o cliente falar em titela. Curatela vira furatela. usucapião fica sendo escorpião". E lembra-se da vez em que solicitou a uma cliente: "Por favor, assine sua rubrica nas folhas do processo", ao que ela respondeu: "Mas Doutor, meu nome é Maria José".
Ele admite que por muitas vezes teve que pagar as xérox que deviam constar dos processos dos clientes. "Naquela comarca, em em outras onde trabalhei, como em Boqueirão, e em Cajazeiras, o advogado é uma espécie de clínico geral, de psicólogo, muitas vezes de pai". Por algumas vezes, o advogado teve que enfrentar "Valadares" em sua vida pública. "Um dia, em uma audiência particular, num Município do Rio Grande do Norte, cheguei à sala de sessão e percebi um clima de desapontamento da parte do juiiz, quando me disse meio sem jeito: "Sente-se, ceguinho"! De pronto agradeci: "Muito obrigada, Senhor juizinho". Durante toda a audiência senti um clima muito pesado entre as partes. Na saída o juiz pediu-me para que ficasse um momento: "Por que chamou-me de juizinho, Doutor?" E eu: "Por que chamou-me de ceguinho, doutor?"
Dois casamentos, quatro filhos. Nas horas de folga, o advogado leva a família para a praia e esmera-se em cultivar com boas canecas de cerveja uma barriguinha que cresce a olhos e "dedos" vistos. Se pinta um bom violão, solta a voz de seresteiro, imitando Nelson gonçalves:
"Naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim".

ÍNDICE


Curtocircuito

II Senabraille em João Pessoa

A Associação Paraibana de Cegos, conjuntamente com o setor braille da biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba realizam em JOão Pessoa, no período de 7 a 11 de maio, o II Seminário Nacional de Bibliotecas Braille (II Senabraille). O evento reunirá especialistas de serviços especializados de todo o Brasil, estudantes e profissionais de biblioteconomia, educadores e associados de entidades de pessoas cegas. Figuras de destaque do movimento nacional de entidades se farão presentes ao evento, a exemplo dos presidentes da União Brasileira de Cegos, Adilson Ventura, presidente da Federação Brasileira de Cegos, Carlos Ajur, presidente da Associação Brasileira de Educadores de Deficientes Visuais, Amilton Garay.

ÍNDICE


******
Lider Associativista Assume Corde/Recife

O Prefeito do Recife, João Paulo (PT) nomeou recentemente Antônio Muniz para Coordenador Geral da Coordenadoria Municipal para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Muniz é a primeira pessoa cega a dirigir aquele órgão que, desde 1986 vinha sendo administrado por portadores de deficiência física. Líder associativista do movimento de cegos, Muniz já desempenhou importantes cargos, como a presidência da Associação Pernambucana de Cegos, Apec, e a vice-presidência da Federação Brasileira de entidades de e para Cegos, Febec.


******
Parlamentar Petista Nomeia Um Lider do movimento Associativista em Pernambuco

O Vereador Dilson Peixoto - (PT) Presidente da Câmara de Vereadores do Recife, cumprindo promessa assumida em sua campanha para reeleição, deu posse em 20 de abril a Antônio José Ferreira, que assumiu a função de
Assessor Parlamentar para assuntos de assistência Social, devendo acompanhar os movimentos de portadores de deficiência, idosos, crianças e adolescentes. Antônio, que é militante ativo do movimento tifloassociativista brasileiro, é o primeiro portador de deficiência efetivamente ligado ao movimento, a se desempenhar numa função deste porte.


******
Agenda Desportiva: apace continua Marcando dools!

A seleção masculina brasileira de goal ball que disputará o próximo campeonato em Carolina do Sul, Estados Unidos, no início de junho de 2001, contará com a participação de dois atletas e do técnico da Associação Paraibana de Cegos, que integrará a comissão técnica. A convocação se deu mediante o excelente desempenho dos atletas por ocasião do campeonato brasileiro de goal ball masculino, ocorrido em novembro último, na cidade de Santo André, São Paulo, onde a Apace conquistou o vice-campeonato.Viajam para Carolina do Sul, os atletas, Legy Pedro Freire, Damião Robison de Souza e o Técnico Dailton Freitas do Nascimento. A Apace também manda para a Seleção Femminina Brasileira de Goal Ball a atleta Luzia Domiciano. Também foi convocado o atleta Fernando Alves felipe para participar nas competições de atletismo, no mesmo panamericano em Carolina do Sul.


******
Eleições Escolhem nova Diretoria

A Apace convocou eleições para sua nova diretoria, para o próximo dia 26 de maio. Com o processo de unificação, o número de associados com direito ao voto duplicou. A comissão eleitoral, presidida por Severino Carlos da Silva, prepara o processo de votação, e aguarda as inscrições das chapas concorrentes, que podem ser feitas até oito dias antes da votação.


Entrelinhas Responde

Depois de um ano de ausência, Entrelinhas retoma seu espaço de diálogo com seus leitores. Escreva ou envie e-mail para nós! AQUI Mande suas críticas e sugestões! Divulgue também nesse espaço, produtos e serviços.
Confira nossas versões anteriores online em:
Edições anteriores do "Entrelinhas"




Para contato:
Joana Belarmino

Voltar para:
PÁGINA PRINCIPAL
Dê-nos sua opinião



Visite-nos sempre...

Reinvente o seu modo de "ver" o mundo a través da leitura...

Envie suas críticas e sugestões...