CANTINHO DA PANDORA.




O Ponto Final

O ponto final de "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" é o longo éco do golpe q Saramago consegue nos impor, surdo, repercutindo dentro de nós, desvestindo nossa pele de angústias e exibindo ossos de um misto de culpa ou mágoa, não se sabe bem. A narrativa da crussificação de Jesus, economia de palavras, escolha dos termos exatos na seara da linguagem, é farta da dor que aqui se revivifica, como se o ato da crussificação tivesse acontecido agora, como se o sangue vermelho, na tigela negra, ainda cheirasse aos peixes e à terra onde Jesus viveu. Na superfície da narrativa, uma fina ironia, talvez escárnio por Deus. Deus, para Saramago, seria a invenção mais cruel dos homens, mais cruel que a invenção do proprio diabo? Saramago sempre acaba os seus livros como se nos desse um soco e nos abandonasse de boca aberta, as mãos húmidas de perguntas inarticuladas, de tristezas recônditas, de vagas senssações misturadas de bem e de mal. Incômodo. Profundo incômodo. Todos os bons livros, todos os bons filmes sempre nos deixarão assim.

VOLTA AO ÍNICIO DO TEXTO

VOLTA A PÁGINA ANTERIOR





Para contato: Joana Belarmino

PÁGINA PRINCIPAL

Dê-nos sua opinião



Visite-nos sempre...

Reinvente o seu modo de "ver" o mundo a través da leitura...

Envie suas críticas e sugestões...