POR FAVOR,CHAME-ME POR MEUS VERDADEIROS NOMES
Olhe profundamente;
chego a cada segundo
para ser um broto num galho primaveril,
para ser um pequeno pássaro, com asas ainda frágeis
aprendendo a cantar em meu novo ninho;
para ser uma larva no coração de uma flor;
para ser uma jóia que se esconde numa pedra.
Ainda chego,
para poder rir e chorar;
para poder ter medo e esperança.
o ritmo do meu coração é o nascimento e a morte
de tudo o que está vivo.
Eu sou a efeméride se metamorfoseando sobre a superfície do rio
e eu sou o pássaro que, quando a primavera chega,
chega em tempo para comer a efeméride.
Eu sou o sapo nadando feliz na água clara de um lago,
e eu sou a cobra do mato, que, aproximando-se em silêncio,
se alimenta do sapo.
Sou a criança de Uganda, toda pele e ossos,
minhas pernas tão finas como caniços de bambu;
e eu sou o mercador de armas, vendendo armas mortais a Uganda.
Meu prazer é como a primavera, tão quente
que faz as flores desabrocharem em todos os confins da vida.
Minha dor é como um rio de lágrimas,
tão cheio que enche todos os quatro oceanos.
Por favor, chame-me por meus verdadeiros nomes,
de modo que eu possa ouvir todos os meus gritos
e risos ao mesmo tempo;
de modo que eu possa ver que meu prazer e dor são um.
Por favor, chame-me por meus verdadeiros nomes,
de modo que eu possa despertar e de modo que
possa ficar aberta a porta do meu coração,
a porta da compaixão."
Este poema do mestre Zen e trabalhador pela paz, o vietnamita Thich Nhat Hanh, expressa maravilhosamente a possibilidade da compaixão que tudo abraça, sem limites e sem discriminação. Existe a visão de que tudo, tudo na vida, está em nós e que podemos nos relacionar com tudo, tendo um coração aberto.