CHEGASTE



Não!

Não chegaste, trazendo luas de prata, sóis de ouro,

luzes de velas nem flores do campo.

Não!

Não vieste na tempestade da paixão,

no fogo do desejo

nem na voragem do prazer.

Não!

Não chegaste na volúpia da noite,

nas tardes glaciais,

na bruma do tempo,

nos frutos outonais.

Não!

Não vieste no desatino da folia,

na embriaguez do vinho,

na sedução da fantasia,

nem pela solidão,

nem pela tristeza da ilusão perdida.

Chegaste, trazendo nas mãos luas róseas e douradas,

cheias de sonhos e de histórias encantadas;

no coração, sóis azuis e verdes cantando canções de primavera,

prelúdios de ternura, melodias de amor

e no corpo, e nos cabelos, lírios e jasmins,

e todas as flores, e todas as estrelas...

Assim chegaste, chegaste assim!

Vieste na carícia da brisa, no frescor da manhã;

na placidez da tarde, no sabor da maçã,

no gosto de todos os frutos,

no mel da sedução...

Chegaste, vieste assim para mim.

Chegaste na suavidade da noite,

na claridade do dia...

Chegaste vestido de paz, de esperança

e de alegria.

Vieste nas asas da poesia, tu, a própria poesia;

tu, minha razão de viver, chegaste.

Vieste, enfim, por mim e para mim.

Então, agora vão, em doce comunhão,

o meu e o teu coração

com este amor tão bonito em direção à verdade,

à luz, à felicidade, por toda eternidade.

Tu és eu.

Chegaste, Vieste, e és meu!


Clara Luz


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