O PEIXE E A SEREIA - UMA HISTÓRIA DE AMOR


O peixe olhou a sereia e achou-a linda. Ficou deslumbrado! Encantado! Quis então que o tempo parasse, para que aquele momento parasse em si próprio. Parasse no tempo. Assim, a sereia se congelaria ou se cristalizaria na vida, no tempo, ou ao menos no momento. Talvez ficasse ainda mais bonita! Seria possível? Ela já era tão bela! Se a vida parasse... se não se mexesse, a sereia ficaria ali, imóvel, e seria sua.

Apaixonado, ele a olhava. Queria ficar com ela para sempre. Ela também o achou lindo; ela também o amou!

O Peixe e a Sereia, um amor recíproco, profundo, eterno! Parecia ter nascido dos confins dos Céus, dos subterrâneos da terra; das profundezas do mar, ou dos suspiros do ar.

Ao contrário do peixe, a sereia desejou que o tempo caminhasse sem tropeçar, para que seu amado, sem dificuldades, nadasse em outros rios, em outros mares, em novos oceanos... E atravessando continentes novos, trouxesse muitos conhecimentos, muitas luzes, que repartiria com ela, ficando afinal juntos, eternamente.

O peixe, porém, julgando-se não correspondido em seu amor, chorou muito,
entristeceu-se, atirou-se às águas, afogando-se! O peixe morreu irremediavelmente!

A sereia também chorou, mas depois sorriu feliz, porque soube por sua sensibilidade que se tornara esotérica, etérea, espiritual, portanto, eterna. Deixara de ser sereia e agora era uma estrela. Mais tarde seria um anjo, e quando estivesse bem perto de Deus, rezaria para que algum dia, uma a uma, suas companheiras também subissem aos céus. Lamentou que um peixe tão formoso não tivesse entendido, ou ao menos sentido a mensagem divina e orou sinceramente por todos os peixes, por todos os seres da criação que ainda não haviam adquirido intuição, que ainda não tinham despertado para contemplar, avaliar a generosidade e a grandeza de um Universo perfeito, justo, sábio.

Mais pela paixão e menos pela razão, olhando a imensidão do mar e a infinitude dos céus, desejou a ressurreição do seu peixe como um presente de Deus. E para merecer tal benesse, tudo faria, pois dentro dela agora compreendia que o amor tudo pode, e se assim é, Ele poderia! E cantou com uma voz de encantar, de comover pedras e anjos; feras e flores; as estrelas, a Terra, os pássaros, os céus... o próprio Deus!


Clara Luz


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