O BOTO



Contam que, na Amazônia, um belo moço sempre aparece para visitar as casas onde vivem as moças mais bonitas da cidade, principalmente em dias de festa e de noites de luar! Ele usa roupas brancas e chapéu na cabeça para esconder o furo, já que esta é uma peculiaridade dos botos. Sabe dançar, é educado e belo. As moças se derretem... Mas ele escolhe apenas uma. É aí que mora o perigo!

Mas, o que pode haver de errado em se apaixonar por um rapaz educado, elegante? Nada! Só que o tal bonitão de roupas brancas não passa de um boto disfarçado. Boto? Aquele que vive nos rios? Esse mesmo! O disfarce de homem, que só é usado quando ele vem a terra, serve para atrair a moça para o fundo do rio.

Para os índios da Amazônia, o Urupiara é o deus dos rios e o protetor dos peixes, tendo também forma de boto. Quando vê uma índia bonita, vai logo se transformando para se aproximar. E canta para atraí-la para o fundo dos rios.

Certa vez, uma linda índia casou-se com um guerreiro desconhecido. Tiveram um filho. Um dia, ela notou que seu marido tinha uma cauda de peixe escondida. Quis saber o que era aquilo. Ele respondeu: - Isto é o que falta nas pessoas que se afogam. Então, saiu correndo em disparada e nunca mais voltou. A índia passava os dias e as noites à beira do rio, chorando. O filho estava sempre junto dela. Houve um dia em que ela chorou tanto que as lágrimas encheram o rio e o fizeram transbordar. Resultado: os dois foram arrastados pelas águas.

No dia seguinte, os pescadores viram um boto empurrando os dois para a margem do rio. Por isso, é comum entre os índios a lenda de que o boto empurra as pessoas que morrem afogadas.

Dizem que quem segura um amuleto feito de olho de boto precisa ter o maior cuidado, pois o efeito é fulminante. Quem olhar para o dono do amuleto ficará apaixonado!

E quando uma moça, na Amazônia, aparece grávida e não se sabe quem é o pai, dizem todos: "É filho do boto".

Na Amazônia, não há filho de pai desconhecido.


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