Há momentos em que não acreditamos em coisa alguma, em nada, absolutamente em nada. É como se nunca tivéssemos tido fé. E porque já não acreditamos, ficamos inquietos, preocupados, pois na verdade a religiosidade para a alma é tão importante quanto o ar para o corpo; se este não vive sem o ar, a alma não pode viver sem a religiosidade, já que tem a Essência Divina. E se nos resta um pouco do bom senso, perguntamos à alma ou à consciência se vale a pena lutar, sonhar, viver. Perguntamos também qual ou quais os motivos que levaram a fé a se afastar de nós. Quase sempre nossas perguntas ficam sem respostas; então, precisaremos buscar, dentro de nós, a energia, a força e a coragem perdidas, porque só elas são capazes de nos trazer de volta a fé e, com ela, a esperança, a alegria e a paz.

Ninguém pode se alegrar, nem esperar, nem ter serenidade sem crenças, sem esperanças, sem sonhos, sem ideais, sem a lenda pessoal, enfim, sem a fé, mesmo que esta seja menor que um grão de mostarda, porque ainda assim ela removerá montanhas que nada mais são que as dificuldades, os problemas, as tristezas. "Tudo é possível àquele que crê!" - Jesus.

De repente, porém, o coração do Mago é uma ilha, sua consciência um deserto e seu corpo um templo inútil, vazio; mas ele está habituado a não-inércia, à disciplina, e, como um escafandrista, mergulha na natureza à procura de ajuda e ergue as mãos em pensamento para o céu, rogando auxílio, misericórdia, consolo, paixão (energia, entusiasmo, persistência); e porque são sinceras suas rogativas, todo o universo vem em seu socorro. A Terra lhe recompõe as células, os músculos, os nervos, o corpo, e o céu lhe traz à tona sua intuição, intuição que sempre lhe pertenceu e ainda e também lhe dá inspiração. E o Mago, aparentemente sem saber, sem querer, se lembra de Jó que, apesar de ter perdido a saúde, a família e as riquezas, jamais deixou de acreditar no Supremo, jamais perdeu a esperança nem a fé.

A maior prova de fé e de coragem, o Mago também se recordou, veio do mestre amado Jesus quando disse: "Pai, se é possível, afasta de mim este cálice; mas se não for, que se faça a Tua vontade, e não a minha. Que seja como Tu queres, e não nunca como eu quero."

O Mago ri, chora e, encantado, comovido, agradece porque sua fé voltou, e com ela seus dons, sua bondade, sua sabedoria, sua luz, a paz, o amor. Lágrimas e alegrias!

Finalmente compreendeu que sorrir e chorar são a mesma coisa quando se tem o coração cheio de amor e o espírito repleto de Deus.


Clara Luz


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