COCKTAIL? MISCELÂNEA? REALIDADE.


Orixás, Moiras, Deusas, Bruxas, Anjos, Astros, todos conectados, interligados. Tique, para os romanos, significava fortuna. Tique aquela que trazia a alegria ou a tristeza, será isto fortuna? Não para mim. Fortuna é sempre alegria, boa sorte, prosperidade, sucesso, felicidade... Tique, para mim, simbolizaria o bem e o mal. Os ciganos ensinam orações, simpatias e fazem muitos rituais para a prosperidade. As religiões afro também ensinam banhos, incensos, defumadores, emfim, uma série de coisas para enriquecermos. Os judeus, dentro da Cabala, também encontram formas de prosperar, usando fórmulas, talismãs, números, letras. Talismãs para a riqueza é o que não faltam em quase todas as religiões. Na religião católica, inclusive, as medalhas dos seus santos são consideradas talismãs poderosíssimos, além dos escapulários etc etc. Há talismãs para tudo, porque para tudo há jeito, menos para a morte. Não! Para a morte há um jeito também: quando ela vem antes do tempo, se não for um recurso para auxiliar aquele espírito ou prova por ele pedida, os anjos levam-na de volta ou pedem para a lua minguante que o faça, ou à Perséfone, à Obaluaiê, ou ainda dizem à Ártropos para ter calma, porque ainda não é chegado o momento de desatar o cordão fluídico, cordão luminoso, cordão de prata.

Deusas, Anjos, Orixás, todos conectados, todos interligados, tudo de acordo, provando e comprovando a lógica esotérico-espiritualista (as leis do universo) e mais: que há muitas moradas na casa do Pai, conforme ensinou Jesus. Há muitas formas de crer. O importante é acreditar. Há diferentes sonhos e a lenda pessoal pertence a cada um. É necessário sonhar. O essencial é sentir que a verdadeira cultura é a espiritual, o resto nos virá por acréscimo da misericórdia divina.

A religião verdadeira é aquela que se origina da essência divina, da luz mais brilhante, do espírito supremo que, no momento exato, distribui-la-á por todos os espíritos criados e pelos que hão de vir.

Moiras, deusas auxiliares do destino; aquelas que tecem e destecem a vida e a morte da humanidade. Moiras?! Nós somos os nossos melhores e mais poderosos fiandeiros ou tecelões, como queiram. É verdade que nossos destinos se entrecruzam com outros destinos por causa do nosso livre arbítrio, por causa da nossa possibilidade de escolher. É certo que, às vezes, há quem não possa fazer escolhas, mas isto não é definitivo. Quem não pode escolher, deverá lutar para merecer a oportunidade da escolha.

Há muitos que dizem ser o conhecimento uma "ilusão". Esta é, para mim, a maior de todas as ilusões. Conhecer é saber, é sentir, é evoluir material, intelectual, moral, emocional, espiritualmente. Conhecer é, finalmente, encontrar seu Eu superior, seu Cristo interno, "o Deus que habita dentro de você".

As Fiandeiras nos reportam aos contos de fadas. Os contos de fadas nos ajudam a tomar decisões. Ao contrário das fábulas que, apesar de terem sempre um conteúdo moral, nos dizem, nos ditam o que devemos fazer. As Fiandeiras representam a nossa infância. As jovens da sociedade antiga, mesmo aquelas que se perdem na noite dos tempos, tinham que saber fiar, tecer, bordar, por isso, são vistas com tanto encantamento e admiração, as fiandeiras do Nordeste. Fiandeiras, Nornas, sejam lá o que forem são sempre um tipo de divindade. Seriam talvez deusas-bruxas ou bruxas-deusas? (A bruxa fez a Bela fiar e ela ficou adormecida por cem anos) (A história da Moça Tecelã, de Marina Colassanti, moça que tece e destece seu amor, seus ideais, bem merece ser lida, pois além de bonita, está cheia de símbolos.)

Aracne, aquela que tece o mundo, desde o passado ao futuro, seria a parte feminina de Deus ou de algum mestre ascencionado? Seria Shikenah?

Aracne, aquela que tece o primordial, o tempo, o espaço... Os cultos aracnídeos nos remetem especialmente à África e vêm dos ancestrais.

Na história dos Orixás, consta que Ogum foi um dos construtores do mundo (com certeza ajudante da deusa). Ele usou sua espada de cristal para fazer tudo com muito carinho, e porque ela se quebrou, ele pacientemente foi buscar outra espada, esta de ferro. Outros, porém, contam que ele colou pedacinho a pedacinho a espada de cristal e continuou seu trabalho. Por isso, os cristais guardam tanta ternura e tanta energia, assim como a "alma do mundo" (Anima Mundi).

Olorum, céu, nirvana, tudo é muito lindo, muito místico, muito mágico, e principalmente muito real.


Clara Luz


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