ALQUIMIA


A Alquimia é uma arte e uma ciência sagrada, secreta. É anterior à química experimental e é também chamada de "química arcaica". Ela é assim como o arco-íris; é, com certeza, uma ponte cristalina e mágica que une o céu não apenas aos demais planos celestiais, mas também à Terra. Une igualmente o espírito à matéria.

Os textos alquímicos são sempre sagrados e estão repletos de símbolos enigmáticos. Os símbolos existem para esconder, ocultar os mistérios dos profanos ou daqueles que ainda não estão preparados para recebê-los ou compreendê-los, porque quem conhecer os mistérios terá viajado, ou melhor, retrocedido ao início, avançado até o fim e retornado à origem do próprio universo.

Esta ciência, de tão antiga, perde-se nas noites dos tempos e é considerada sacerdotal. É também chamada filosofia hermética, certamente por ser a linguagem do inconsciente e por ser toda simbólica.

O alquimista da Idade Média buscava a pedra filosofal, o elixir da longa vida, da juventude. Era preciso, porém, saber "mexer, purificar" os metais. A Alquimia leva o alquimista a penetrar nos segredos da natureza, da vida, da morte, da unidade, da eternidade, do infinito. Ensina não apenas a transmutação, mas a conhecer o "espírito da vida e a vida do espírito", pois trabalha com o visível e com o invisível. O processo da transmutação faz parte da "grande obra" que é, ao mesmo tempo, realização espiritual e material, porque trabalha com a mente e a matéria, acima e abaixo _ planetas e metais.

A "grande obra" alquímica é o domínio do homem sobre si mesmo, é a inteira conquista do seu "si mesmo", enfim, do seu domínio sobre o futuro.

O elixir da longa vida cura as doenças, rejuvenesce e transforma o corpo físico em corpo de luz. Conforme sua evolução, o alquimista pode receber a tríplice coroa: a onisciência, a onipotência e o GRANDE AMOR DIVINO. Esta última é a mais difícil de todas. Se ele receber a tríplice coroa, torna-se-á irmão da luz.

Através da intuição (do fio de Ariádne), a luz vencerá as trevas.

Arquétipo é uma idéia que se projeta na tela mental das pessoas, da humanidade emfim. Em razão disso, são comuns as lendas, as fadas, quaisquer que sejam os povos. Quando Jung começou a pesquisar o inconsciente dos seus clientes e o dele próprio, observou que aparecia um arquétipo igual. Para simplificar: arquétipo = imagem, idéia.

Uma das primeiras imagens, pertencentes a um texto alquímico do século XIV, era um anel, formado por um dragão ou uma serpente comendo a própria cauda. Este arquétipo representa o inconsciente e ficou conhecido como "ouro dormus". A parte interna do anel é verde e representa o início da "grande obra", da matéria-prima que os alquimistas sempre quiseram dominar. Ela corresponde, numa linguagem moderna, aos ultra-sons. A parte externa é vermelha e corresponde ao grande objetivo da "obra alquímica" que seria, na moderna linguagem, a amplificação da luz.

O leão alquímico tem a mesma cor do início da "grande obra" (verde) e come simbolicamente o sol, que é a representação de um metal: o enxofre (via solar). O sangue que jorra da boca do leão representa o mercúrio hermético apenas manobrado por aquele que atingiu o grande mistério. Quando Jung estava no seu processo de crescimento de individuação, viu uma vez surgir sua personalidade número dois, à qual chamou de arquétipo do velho sábio orador da montanha. No texto alquímico correspondente, está a representação de uma pessoa, cujo nome não pode ser dito a não ser que se peça licença, pois o velho sábio é um dos grandes mestres de uma escola de mistério. Pelo exposto, deduz-se que Jung seria o próprio.

Quanto aos anjos, sempre que suas asas aparecem em um texto alquímico, significam a matéria volátil. Os angelólogos, os espiritualistas e muitos magos consideram as asas como instantaneidade, espiritualização.

Em meio a tantos símbolos, não poderia deixar de dizer que o pelicano simboliza o Cristo Salvador. O ouro é a sombra do sol, e o sol é a sombra de Deus. O mundo mostra que o processo alquímico para obtenção do ouro é um processo idêntico ao processo psicológico de crescimento, de individuação. A anima - intuição, parte feminina da psique do homem, metade mulher, metade sereia - é, por assim dizer, o início do trabalho alquímico. A parte vermelha é a parte final da "grande obra". O elixir da longa vida é a imortalidade que o alquimista sempre procurou. É! Realmente há mais mistérios entre a Terra e o Céu do que podemos supor e mais mistérios ainda na Terra e no céu; por isso, penso que Haziel talvez aqui tenha deixado um terço das chaves dos grandes mistérios, o que já é, sem dúvida, uma grande prova da misericórdia de Deus para nós tão imperfeitos e orgulhosos, para nós que julgamos tudo saber e tudo poder. Na mão, a anima traz um cálice com um dragão azul dentro que representa o elixir da longa vida, a imortalidade tão procurada pelo alquimista. Azul é o céu, a espiritualidade... Azuis são os olhos do mestre Jesus!


Clara Luz


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