Todos já ouviram falar do processo Braille. Mas pouca gente sabe porque o sistema é chamado Braille.
O alfabeto Braille foi inventado em 1837 pelo educador francês
Louis Braille.
Louis Braille nasceu em 4 de janeiro de 1809, na pequena cidade de Coupvray perto de Paris. Sua mãe, Monique Baron,
Foi uma jovem simples de fazenda que veio
a Coupvray para casar com seu pai em 1792. Seu pai, Simon René Braille, então, aos quarenta e quatro anos de idade, era
um conceituado celeiro na região, e mantinha
a esposa e os quatro filhos: Catherrine Joséphine, Louis Simon, Maria Célina e Louis, com o fruto de seu trabalho na pequena
loja de artefatos de couro que possuía.
Ele costumava dizer com orgulho que o filho caçula seria o arrimo de sua velhice.
Desde muito pequeno, Louis Braille costumava brincar na oficina de seu pai com os pequenos retalhos de couro usado na
confecção das selas. Não se sabe exatamente
em que dia e mês, mas, com apenas três anos de idade, Louis brincava na oficina (como de costume) e pegou uma sovela
de ponta muito fina, um dos instrumentos
de retalhar o couro, e experimentou imitar o trabalho do seu pai.
Ao tentar perfurar um pedaço de couro com a sovela pontiaguda e afiada, aproximou-se do rosto. O couro era rijo e o
pequeno forçava-o para cortar. Em dado momento
a suvela resvalou e atingiu-lhe o olho esquerdo, causando grave hemorragia. Simon René tomou o garoto nos joelhos e com
um pouco de água fresca lavou o olho machucado.
Uma velha senhora, conhecida por suas curas, preparou e aplicou compressas estacando a hemorragia. O médico de Coupvray
também foi chamado para tratar o garoto,
mas a sua precisão também foi inadequada. Não havia auxílio médico positivo para eliminar o centro da infecção. Veio a conjuntivite
e depois a oftalmia. Alguns meses
mais tarde a infecção atingiu o outro e a cegueira total adveio quando Louis estava com cinco anos.
Seus pais ainda tentaram tratamentos. Procuraram consultar um oculista num hospital da cidade vizinha, mas, todos os
esforços foram em vão; a infecção generalizada
havia destruído as córneas.
Aos oito anos teve que andar com uma bengala de madeira que lhe orientava no sentido de perceber quando saía do caminho,
penalizando assim todo o povo da cidade.
O Garoto cego que sempre demonstrou muita vivacidade e inteligência contou com a amizade e atenção do Abade Jacques
Palluy. Graças a ele, Louis Braille começou
a desenvolver sua natureza investigadora e familiarizar-se com o mundo.
Abade levava o garoto ao velho presbitério e nos seus jardins, procurava ensiná-lo. Teve assim, em sua primeira infância
uma orientação cristã, que marcou sua vida
através de seu amor, sua bondade e sua humildade. A pedido do Abade Palluy, Louis Braille foi aceito pelo professor Brecharet
em sua escola onde freqüentou durante
dois anos demonstrando muita inteligência e interesse.
Aos 15 de fevereiro de 1819, com 10 anos de idade, Louis partiu com seu pai com destino a Paris para estudar daí em
diante na Instituição Real, para Jovens Cegos.
Seus pais preocuparam-se coma possibilidade de ter seu filho fora de casa. Mas quando perceberam as vantagens que ele teria
em sua educação, concordaram e fizeram
milhares de planos para o futuro do filho.
Louis, que era o mais jovem estudante, foi se ajustando à escola, aos professores, aos supervisores e aos colegas. Participava
com entusiasmo da recreação, gostava
de música clássica, e apesar das condições do ensino da música não serem ideais, ele tornou-se um excelente pianista e mais
tarde talentoso organista do órgão de
Norte Dame das Champs. As instalações da escola onde Louis estudava não eram nada boas; as instalações eram úmidas e frias,
completamente e inadequadas. A disciplina
era rígida e os alunos recebiam punições físicas até isolamento a pão e água. Louis Braille não escapou às punições. Lá
apredeu a ler, isto é, aprendeu a reconhecer
26 letras do alfabeto com a ajuda dos dedos. Mas as letras tinham várias polegadas de abertura e de largura. Este era o
sistema primitivo de leitura. Um pequeno
artigo enchia muitos livros e cada livro pesava, nove libras. Apesar das dificuldades, Braille conclui o período escolar
com brilhantismo, chegando a receber um
certificado de mérito por sua habilidade em cortar e fazer chinelos.
Mais tarde, Louis, tornava-se professor da mesma escola. As dificuldades de criar em sistema de leitura e escrita para
pessoas cegas. Ele queria encontrar um
sistema melhor de leitura, mas não foi fácil.
Meses depois, Louis foi gozar dois meses de férias em casa, onde teve a alegria de rever seus familiares. Então, disse
a seu pai:
"Os cegos são
às pessoas mais solitárias do mundo! Eu posso distinguir o som de um pássaro de outro som".
Eu posso distinguir a porta da casa só pelo tato.
Mas, tem tanta coisa que eu nem posso sentir e nem ouvir.
Somente os livros poderão libertar os cegos, mas, há nenhum livro para nós lermos."
Um certo dia, Louis está sentado num restaurante com um amigo que lia o jornal para ele. O amigo leu o artigo a respeito
de um francês, Charles Barbier de La
Serre, Capitão de Artilharia do exército de Louis XIII, que devido às dificuldades encontradas na transmissão de ordens
durante a noite, elaborou um sistema de escrever
que ele podia usar no escuro. Ele o chamava "escrita noturna", o capitão usava pontos e traços. Os pontos e traços eram
em alto relevo, os quais combinados, permitiam
aos comandados, decifrar ordens militares através do tato. Barbier pensou então, que seu sistema poderia chegar a ser utilizado
para pessoas cegas. Transformou-o
então num sistema de escrita para cegos de denominou "Gráfica sonora". O método de Barbier, apesar de considerado complicado
foi adorado na Instituição como "método
auxiliar de ensino". Quando Louis ouviu falar nisso, ficou entusiasmado. Ele começou então a falar alto e chorar. "Por favor,
Louis", disse seu amigo. O que aconteceu?
Todos estão olhando para você", "Pelo menos eu encontrarei uma resposta para o problema dos cegos", disse Louis. Agora podem
os cegos se libertar.
No dia, seguinte, Louis foi com um amigo ver o capitão e perguntar sobre seu sistema. O capitão disse que usava um
objeto pontiagudo para fazer os pontos e
traços num papel grosso. Certos sinais significam uma coisa, outros significam outra coisa. O objeto que o capitão usava
para imprimir os pontos e os traços, acidentalmente
era o mesmo jeito do objeto que ele tinha furado os olhos antes."Eu estou certo de que posso usar este sistema", disse Louis.
Louis Braille aprendeu com rapidez a usar o sistema e trocava correspondências com seus colegas de turma.
A escrita era possível com uso de uma régua guia e de um estilete. Como o sistema de Barbier apresentava uma série de
dificuldades, como impossibilidade de se
representar símbolos matemáticos, sinais de pontuação, notação musical, acentos, números, além desses caracteres, serem
lidos com dificuldade por aqueles que haviam
perdido a visão no percurso de suas vidas, mas não tanto pelos cegos de nascença, Braille começou a estudar maneiras diferentes
de fazer os pontos e traços no papel.
Suas próprias férias foram dedicadas exclusivamente ao estudo do seu novo sistema. Passou noites experimentando incansavelmente
sobre a régua e o estilete que ele
próprio inventou. Quando voltou para as aulas, tinha seu invento pronto.
Aos 15 anos de idade inventou o alfabeto Braille, semelhante ao que se usa hoje, um sistema simples em que usava 6 buracos
dentro de um pequeno espaço. Com esses
6 buracos dentro deste espaço, ele pôde fazer 63 combinações diferentes.
Cada combinação indicava uma letra do alfabeto ou uma palavra. Havia também combinações para indicar os sinais de pontuação.
Cedo Louis escreveu um livro usando
o Sistema Braille.
Louis apresentou sua invenção ao Diretor, e este, apreciou o seu trabalho e autorizou-o a experimentá-lo no Instituto.
Seus colegas aprenderam rapidamente o
método. Louis continuava seus estudos, embora continuasse sempre trabalhando em sua pesquisa. Como foi sempre um dos primeiros
alunos, logo começou a ensinar álgebra,
gramática e geografia.
Mais tarde, aplicou seu sistema à notação musical. Seu alfabeto permitiu a transcrição de gramáticas e livros de textos
para pessoas deficientes visuais.
Um de seus alunos, Coltat, tornou-se seu grande amigo e mais tarde biógrafo, tendo escrito o livro em sua homenagem
"Notas Históricas sobre Louis Braille",
onde narra detalhes de sua vida na Instituição.
Sua saúde era bastante deficiente, pois aos 26 anos contraiu tuberculose.
Apesar disso, escreveu, "Novo método para Representação por Sinais de Formas de Letras, Mapas, Figuras Geométricas,
Símbolos Musicais, para uso de Cegos"
.
Mais tarde, na inauguração do novo prédio do Instituto Real de Jovens Cegos, Braille teve a alegria de ver que o sistema
foi demonstrado publicamente e declarado
aceito. Foi este o primeiro passo para a aceitação geral. Daí, o seu uso começou a expandir-se na Europa. Nesta época, sua
doença foi progredindo e sua saúde foi
se tornando frágil. Em 1850, já com 41 anos, pediu demissão do cargo de professor, mas continuou dando lições de piano.
Um dia um garoto cego de nascença tocou muito bem para uma grande audiência. Todo mundo que estava presente ficou muito
satisfeito. Então, o garoto levantou-se
e disse que o povo não devia agradecer a ele, por tocar bem e sim agradecer a Louis Braille. "Foi Louis Braille, disse
ele, que tornou possível que ele lesse
a música e tocasse piano". Ele disse que Louis Braille era um homem muito doente e acrescentou que estava quase a
morrer, subitamente muitas pessoas ficaram
interessadas por Louis Braille, jornais escreveram artigos sobre ele. O governo também ficou interessado no seu sistema
de leitura para os cegos alguns amigos foram
à sua casa vê-lo. Ele estava no leito. Eles disseram a Louis o que estava acontecendo e o Louis começou a chorar. Ele disse:
"É a terceira vez na minha vida que choro: a primeira quando fiquei cego; a segunda quando ouvi falar na escrita
noturna e agora eu sei que minha vida
não foi um fracasso" .
Em Dezembro de 1851, com 42 anos, sofreu uma recaída e recolheu-se ao leito, e veio a falecer no dia 6 de Janeiro de
1852, dois dias
após o seu aniversário de 43 anos, confiante em que seu trabalho não tinha sido em
vão.
Adaptado pela escola de cegos de Paris em 1854, logo se difundiu por todo o mundo. Cada matriz do sistema Braille é
formada por duas fileiras verticais paralelas,
que podem conter três pontos cada uma. Cada sinal de leitura seja letra, cifra ou sílaba, tem em relevo uma das possíveis
combinações dos seis pontos
existentes.
Assim, o tipo indicado pelas diferentes posições em que aparecem os pontos em relevo assinala uma letra, em número,
um sinal matemático,
etc.
Em 1952, cem anos depois, seus restos mortais foram transferidos da cidade de Coupvray para o Pantheon em Paris, pelo
Governo Francês. Recebeu homenagens por
representantes de quarenta nações, na ocasião em que tomou seu lugar nos grandes homens da
França.
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"Não generalize aspectos positivos ou negativos de uma pessoa cega que você conheça, estendendo-os a
outros cegos. Não
se esqueça de que a natureza dotou a todos
os seres de diferenças individuais mais ou menos acentuadas e de os preconceitos se originam na generalização de qualidades,
positivas ou negativas, consideradas
particularmente.