Após ter sofrido acidente automobilístico em 11 de abril de 1990, MARCOS VIEIRA PASSOS ficou cego totalmente.
No mês de setembro do mesmo ano, teve os primeiros contatos com a escrita e leitura Braille na Escola Estadual MATIAS NETO, com a professora Maria José Nunes de Castro.
Relacionando-se com os demais deficientes visuais, observou a carência dos mesmos por falta de apoio da família, de um local onde os mesmos pudessem
se desenvolver profissionalmente, culturalmente e adquirir recursos financeiros para a sua subsistência, como também a necessidade de se integrar à
sociedade.
Observou que os mesmos não tinham a mínima perspectiva de vida, sentindo-se totalmente alijados do convívio
social.
A professora Maria José ministrava as aulas no porão do colégio. O local não oferecia conforto, mas com a dedicação, amor e o carinho dispensados pela professora, atingia em parte os seus objetivos.
A falta de espaço adequado, e profissionais para a implementação de atividades que oferecessem aos deficientes visuais condições educacionais para a sua reabilitação, despertou em MARCOS o desejo de criar um espaço condizente com as necessidades dessas pessoas que têm condições de se capacitar e serem inseridas no mercado de trabalho, além, obviamente, de se integrarem à família e à sociedade.
Obteve de imediato a adesão das professoras Maria José e Naysa Santana
Rosa, esta coordenadora da Educação Especial do Estado do Rio de Janeiro.
A professora Naysa trouxe à nossa cidade o professor Edison Ribeiro
Lemos, cidadão cego, para proferir palestras sobre os ensinamentos de Braille,
que sabedor das intenções de MARCOS, o presenteou com os Estatutos da ACIC (Associação Catarinense para a Integração dos
Cegos).
No mesmo dia, 8 de fevereiro de 1991, o professor Edison foi convidado para a
fundação, em Macaé, de uma entidade que oferecesse aos cegos condições de serem habilitados e capacitados
profissionalmente, de forma que pudessem alcançar sua independência e concorrerem no mercado de trabalho.
O nome escolhido foi Associação Macaense de Apoio aos Cegos (AMAC), cuja solenidade de fundação foi marcada para o dia 25 de fevereiro de 1991; ou seja, 17 dias após o encontro com o professor Edison.
O dia escolhido explica-se pelo fato de ser data de nascimento do idealizador da entidade. Era o presente que ele queria dar a si mesmo; não só pelas suas necessidades como cidadão, mas, principalmente a outros, como os que conviviam com ele em sala de aula sem a atenção e o respeito que mereciam e não recebiam do poder público nem da sociedade.
Recorreu à sua amiga Maria Auxiliadora de Moura Ferreira, advogada, que tendo em mãos os estatutos da ACIC, e também da AFAC (Associação Fluminense de Amparo aos Cegos), criaram o Estatuto da AMAC; e no dia 25 de fevereiro, às 19 horas no Salão Nobre da Câmara Municipal, com suas dependências completamente lotadas, numa segunda-feira, foi fundada a AMAC.
Por isso a AMAC é uma entidade de cegos e para cegos, que visa promover e realizar a Educação, reabilitação e Profissionalização de todas as pessoas
deficientes da visão, integrando-as à sociedade.
Evidenciando a importância de oportunizar ao deficiente visual mão-de-obra qualificada para que o mesmo possa competir
no mercado de trabalho, a AMAC se propõe a prestar atendimento especializado, cursos profissionalizantes e encaminhamento de profissionais aptos para o mercado de
trabalho, através da criação de um Centro de Reabilitação, Profissionalização e Convivência - CRPC.
Dessa forma, a pessoa com deficiência visual terá a oportunidade de desfrutar de uma vida mais próxima da "normalidade" possível, tornando-se útil a si mesmo, à família e à comunidade.
Ao longo desses anos, a AMAC vem se incorporando no processo de crescimento da pessoa deficiênte visual e seus familiares, bem como se fazendo presente no desenvolvimento do município de Macaé.
Hoje, com o apoio do seu amigo particular, o então Prefeito Silvio Lopes, a então Secretária Municipal de Educação Prof.ª Maria Helena de Siqueira Salles, toda a administração do Poder Executivo, comércio, e a sociedade organizada; na AMAC são ministradas aulas do pré-escolar, ensino fundamental, técnica de leitura e escrita em Braille, atividades da vida diária (AVD), orientação e mobilidade (OM) e aula de informática através do DOSVOX.
Em 2003 foi implantado o Núcleo de Produção Braille, que recebeu o nome da Secretária Municipal de Educação, Prof.ª Maria Helena de Siqueira Salles, face ao apoio total e irrestrito que a AMAC recebeu da Secretária.
O objetivo deste Núcleo é transcrever para o sistema Braille os livros didático-pedagógicos que são aplicados no "ensino regular" da municipalidade. Também são transcritos livros de literatura e documentos encaminhados para entidades de cegos. Para tanto, foram contratados cidadãos cegos qualificados e transcritores, para que os livros sejam utilizados pelos alunos do Centro Educacional "Prof. Walter Boschiglia" (Bosquilia), escola que funciona nas dependências da AMAC; criada através do decreto-Lei Municipal nº 2.271 de 16 de outubro de 2002.