Dinâmica de Atendimento

           

 

Apresentação

            A AMAC é uma entidade de cegos e para cegos, que visa promover e realizar a Educação, Reabilitação e Profissionalização de todas as pessoas deficientes  da visão, integrando-se à sociedade. Evidenciando a importância de oportunizar ao deficiente, mão-de-obra qualificada,, para que o mesmo possa competir no mercado de trabalho, a AMAC se propõe s prestar atendimento especializado, cursos profissionalizantes e encaminhamento de profissionais aptos para o mercado de trabalho, através da criação de um Centro de Reabilitação, Profissionalização e Convivência – CRPC.

            Dessa forma, a pessoa Portadora de Deficiência Visual terá a oportunidade de desfrutar de uma vida mais próxima da “normalidade” possível, tornando-se útil a si mesmo, a família e a comunidade.

 

 

 

Dinâmica de Atendimento

 

1. Processo de Ingresso

1.1- Triagem

1.2- Encaminhamento

1.3- Avaliações

 

2. Programa de Reabilitação

2.1- Atendimento em orientação e mobilidade

2.2-  Atendimento em atividades da vida diária

2.3- Alfabetização e treinamento no Sistema Braille

2.4- Treinamento em escrita cursiva

2.5- Treinamento em datilografia comum

2.6- Iniciação em Informática

2.7- Treinamento em técnicas de sorobã

2.8- Atendimento em educação física

2.9- Atendimento na área de psicomotricidade

2.10- Utilização de reversos comunitários

 

3. Programa de Profissionalização

3.1- Sondagem de Aptidões

3.2- Treinamento e orientação para trabalho

3.3- Encaminhamento para cursos profissionalizantes na instituição e na comunidade

3.4- Encaminhamento para as escolas comuns

3.5- Encaminhamento para o mercado de Trabalho

3.6- Apoio pedagógico-técnológico

 

4. Atendimento do Serviço Social

4.1- Atendimento do Serviço Social

4.2- Atendimento psicológico

4.3- Atendimento pedagógico

 

 

1- Processo de Ingresso

 

1.1- Triagem

            Todas as pessoas portadoras de deficiência visual encaminhadas a AMAC, serão submetidas a uma triagem inicial, para se determinar à elegibilidade do caso para os programas de reabilitação e profissionalização que a AMAC oferecerá. Estas pessoas serão geralmente encaminhadas por algum serviço comunitário, por prefeituras municipais, clubes de serviços, pelas próprias famílias ou por iniciativa própria. Verificada a elegibilidade do caso, o serviço social encaminhará o mesmo para as seguintes avaliações: oftalmológicas, social, psicológica, pedagógica, de orientação e mobilidade, deficiência física, de atividades da vida diária e clínica geral.

 

1.2- Encaminhamento

            Caso a P.P.D.V. (pessoa portadora de deficiência visual) seja inelegível para os programas de profissionalização e reabilitação, por apresentar alguma outra deficiência associada, a mesma será encaminhada para algum outro serviço da comunidade ou instituição congênere.

 

1.3- Avaliação

            O processo de avaliação consistirá na investigação de uma série de aspectos relacionados ao cliente, com o objetivo de fornecer o conhecimento mais real possível sobre sua deficiência, seu desempenho pessoal e social, seu grau de escolaridade, seu desenvolvimento físico e seu contexto familiar. Objetiva subsidiar a execução da  programação terapêutica de acordo com as limitações e potencialidades do cliente.

1.3.1 Avaliação do Serviço Social

O Serviço Social efetuará a entrevista inicial, verificando as condições sócio-econômicas da família e a dinâmica das relações familiares, bem como seu nível de integração social

1.3.2. Avaliação Oftalmológica

O diagnóstico Médico-oftalmológico, é de fundamental importância par definição do tipo do programa de reabilitação a ser adotado, que deverá ser compatível com o grau de visão ou patologia apresentada. A definição do grau de visão, do tipo de patologia causadora da perda, do tempo decorrido entre a perda e a procura do atendimento especializado, viabilizará o estabelecimento da programação mais adequada a ser adotada.

1.3.3. Avaliação Clínica Geral

O diagnóstico médico clínico geral, também é importante para a definição dos programas de Reabilitação e Profissionalização a serem adotados, visto que, as condições físicas apresentadas pela P.P.D.V., orientação quando aos tipos de atividades ou esforços físicos  que poderão ser despendidos pela mesma.

1.3.4. Avaliação Pedagógica

Visará sondar o grau de escolaridade, quando houver potencial acadêmico, bem como aspectos relacionados ao seu desenvolvimento psicomotor.

1.3.5. Avaliação das Atividades da Vida Diária

Terá por objetivo verificar o grau de defasagem e os conhecimentos remanescentes, no tocante as atividades da vida diária.

1.3.6. Avaliação de orientação e Mobilidade

Processo de avaliar os sentidos remanescentes para se estabelecer à posição de alguém, e o relacionamento com todos os outros objetivos significativos em seu ambiente. Determinar o nível de funcionamento visual de qualquer potencial de visão residual.

1.3.7. Avaliação Psicológica

O diagnóstico psicológico nos dará as potencialidades e respostas psicológicas do cliente. Com ele saberemos a maneira como o cliente se ajusta e como ele responde as diferentes situações da vida diária, tanto sociais, quanto somáticas.

1.3.8. Avaliação de Eficiência Física

Processo a ser desenvolvido sob condições padronizadas, para pesquisa de uma ou mais características delimitantes do nível individual das capacidades motoras gerais e especiais, tais como, verificar a velocidade, a força, a qualidade e a resistência do indivíduo.

 

 

2- Programa de Reabilitação

 

Conjunto de medidas de natureza Médica, Social, Educativa e Profissional, destinadas a preparar ou reintegrar o indivíduo, com o objetivo de fazê-lo alcançar o maior nível possível de sua capacidade ou potencialidade. (OSM 1969).

 

2.1-  Atendimento em Orientação e Mobilidade (técnicas para uso de bengala branca)

Toda P.P.D.V., somente poderá ser considerada realmente reabilitada, se estiver absolutamente apta a deslocar-se de maneira independente. O domínio das técnicas do uso da bengala branca e os conhecimentos básicos do uso do guia vidente, são algumas das  condições imprescindíveis para que uma P.P.D.V. possa viver uma vida o mais próxima possível da normalidade. A capacidade de deslocar-se independentemente, o pleno exercício do direito de ir e vir, são pré-requisitos indispensáveis para que uma P.P.D.V. possa considerar-se reabilitada e em condições de integrar-se à sociedade da maneira mais plena possível.

 

2.2-  Atendimento em atividades da vida diária

Em virtude da própria deficiência visual, P.P.D.V. apresentam grande defasagem nas atividades de sua rotina diária básica. A colaboração da família será de fundamental importância para a restauração da autoconfiança e a segurança no desempenho de algumas atividades diárias que ficam prejudicadas pela falta de visão. Para que P.P.D.V. possa viver uma vida normal e integrada, o atendimento deverá proporcionar condições favoráveis visando o exercício de técnicas da vida diária com elegância, segurança e polidez social no seu dia-a-dia.

 

2.3-  Alfabetização e Treinamento no Sistema Braille (Escrita e Leitura)

O Sistema Braille é veículo de comunicação mais eficiente jamais inventado para P.P.D.V., e que possibilita as P.P.D.V. se comunicarem através da escrita, a ter acesso à leitura de livros didáticos e literários e todo o tipo de publicações em Braille em geral. Para que uma P.P.D.V. possa integrar-se efetivamente na sociedade, é importante que a mesma seja iniciada no sistema Braille para que seja capaz de iniciar ou dar prosseguimento a sua vida acadêmica.      

 

2.4-  Treinamento em escrita Braille

É um instrumento que ampliará as possibilidades de comunicação das P.P.D.V.. Através do treinamento sistemático e progressivo da escrita cursiva, elas conseguirão assinar e escrever nome, datar, preencher cheques, fichas ou mesmo produzir textos. A escrita cursiva é relevante, para as P.P.D.V., visto que é um produto facilitador de autoconfiança em determinadas situações para  sua maior INTEGRAÇÃO no ambiente social. Propicia a P.P.D.V. a consciência  de individualidade e cidadania, título de leitor, abertura de conta bancária e a possibilidade de firmar o nome em documento ou transação comercial.

 

2.5- Treinamento em  Datilografia Comum

Um dos meios de comunicação escrita mais eficientes na atualidade, ocorre através da mecanografia. O indivíduo que consegue expressar-se por intermédio de uma máquina de datilografia, não enfrenta barreiras para a comunicação. Por este motivo, o ensino da datilografia comum no processo de Reabilitação de uma Pessoa Portadora de Deficiência Visual, facilitará a comunicação com pessoas videntes, sem maiores dificuldades.

 

2.6-  Iniciação em  informática

Acesso à informática nos nossos dias é uma das maiores barreiras aos P.P.D.V.. A informática é sem dúvida, o meio mais rápido e eficiente  que uma pessoa pode lançar mãos ao mundo moderno. Com o advento dos sintetizadores de voz, o mundo da informática está perfeitamente ao alcance das P.P.D.V., tornando-se essencial à inclusão da mesma num currículo de Reabilitação.

 

2.7-  Treinamento em Técnicas do Sorobã

A matemática é uma das matérias mais difíceis que uma P.P.D.V. encontra no ensino regular. A exatidão dos resultados, a armação e o desenvolvimento das operações, são algumas das dificuldades que um estudante Portador de Deficiência Visual enfrenta na matemática. O sorobã como aparelho de calcular permite que o estudante acompanhe de forma concreta todos os passos dentro da operação matemática. Portanto é um recurso utilizado pelas P.P.D.V. para realizar quaisquer tipos de operações sem prejuízo ao raciocínio lógico. O domínio de suas técnicas  possibilita uma total independência do aluno.

 

2.8- Atendimento  em  Educação Física

            A finalidade da educação física é a de ajudar o aluno a desenvolver-se nos aspectos afetivo, cognitivo e motor, assim como despertar sua consciência critica através  de um programa de atividades selecionadas e cuidadosamente planejadas.

Para  alcançar esse objetivo será necessário:

Tendo com objetivo principal o desenvolvimento bio-psico-social do indivíduo como um todo.

 

2.9-  Atendimento na Área de Psicomotricidade

O desenvolvimento psicomotor da pessoa vidente e da P.P.D.V. está submetido ao mesmo processo. As diferenças e o déficit psicomotor ocorrem devido à forma como ocorre a evolução psicomotora do indivíduo. Portanto muitas vezes é necessária a interferência de um psicomotrista.

 

2.10-  Utilização de Recursos Comunitários

A equoterapia, a dança de salão e a atividade motora adaptada, são recursos comunitários que visam à complementação das atividades de reabilitação.

 

 

3 - Programa de Profissionalização

 

É o conjunto de atividades que considera a potencialidade latente no indivíduo, que a partir de estimulação interna e/ou externa, desenvolve-se ou aperfeiçoa-se se transformando em capacidade de produzir. Estas atividades são desenvolvidas em ambientes destinados ao desenvolvimento de aptidões ou habilidades das P.P.D.V., através de atividades laborativas, orientadas por professores capacitados, onde estão disponíveis diferentes tipos de equipamentos e matérias para ensino e aprendizagem nas diversas áreas de desempenho profissional. O objetivo maior do programa de profissionalização será a inserção do cliente no mercado competitivo de trabalho.

 

3.1-  Sondagem de Aptidões

Este procedimento visa detectar a atividade laborativa mais compatível com o interesse e a habilidade do cliente, durante um período preestabelecido. O cliente deverá vivenciar na prática, todas as atividades existentes nas oficinas do CRPC. Nesta fase inicial será enfatizado o treinamento de habilidades e o desenvolvimento sensório-perceptivo-motor, que é especialmente necessário para uma melhor adaptação ao trabalho.

 

3.2- Treinamento e Orientação para o trabalho

A AMAC se propõe a oferecer a seus clientes alguns projetos profissionalizantes, são eles:

 

Estas atividades poderão ser executadas pelo cliente a nível particular, em sus próprias casas ou empresas congêneres. São atividades de técnicas simples, de fácil assimilação e execução por parte da P.P.D.V., independentemente de suas condições intelectuais. Nesta etapa, além do treinamento será feita a orientação para o trabalho.

 

3.3-  Encaminhamento para Cursos Profissionalizantes na instituição e na Comunidade

Estando o cliente em fase de conclusão do seu processo de reabilitação de profissionalizantes, em áreas compatíveis com a deficiência visual, oportunizando sua futura inserção no mercado de trabalho. Estes cursos serão geralmente promovidos pela própria AMAC, em convênio com outros órgãos comunitários, e realizados na instituição ou na comunidade. A participação nestes cursos favorecerá bastante o processo de integração da P.P.D.V. na comunidade.

3.4-  Encaminhamento para Escolas Comuns – Cursos Acadêmicos na Comunidade

Concluído o processo de Reabilitação e, dependendo do grau de desenvolvimento e interesse apresentado pelo cliente, o mesmo será informado quanto as suas possibilidades de iniciar ou reiniciar seus estudos em escolas comuns.

 

3.5- Encaminhamento para o Mercado de Trabalho

O processo de encaminhamento para o trabalho, é constituído de três etapas distintas: treinamento em serviço, estágio, colocação e acompanhamento. O treinamento em serviço, consistirá na colocação do cliente numa atividade profissional pré-determinada, dentro da própria instituição, e durante o período que for considerado necessário pela equipe técnica. O estágio deverá ser desenvolvido em empresas da comunidade para verificação da capacidade de trabalho do cliente. Estando o cliente apto para o exercício de uma profissão, será realizado um levantamento de vagas no mercado comum de trabalho. Havendo disponibilidade de vaga, será efetuado o encaminhamento, treinamento e acompanhamento, durante os três primeiros meses, durante os quais a equipe técnica do CRPC avaliará o desempenho, a eficiência e o nível de Integração profissional na atividade que estará sendo exercida. Após a conclusão deste período, a P.P.D.V. encaminhada deverá assumir as suas próprias responsabilidades e compromissos.

 

3.6- Apoio Pedagógico e Tecnológico

O fato da P.P.D.V. não encontrar apoio técnico e pedagógico nos órgãos competentes, causa grandes dificuldades e até a impossibilidade da mesma freqüência escolas comuns ou realizar concursos públicos. Assim, será necessário a criação deste serviço, pois  possibilitará  a freqüência da P.P.D.V.  na escola comum. Também prestará apoio à participação adequada da P.P.D.V. em concursos públicos, vestibulares em cursos de qualquer natureza. Neste serviço também estarão a disposição da P.P.D.V., equipamentos de alta tecnologia, os quais facilitarão o estudo e pesquisa por parte dos usuários. Deste modo, se oportuniza a igualdade de condições para a justa competição no mercado de trabalho e em áreas acadêmicas.

 

 

4 – Atendimento do Serviço Social, Psicologia e Pedagogia

 

4.1- Atendimento do Serviço Social

O objetivo maior da atuação do serviço Social no CRPC, deverá ser o desenvolvimento de ações de natureza social, que possibilitaram o efetivo aproveitamento do processo de reabilitação e profissionalização pelo cliente e em sua família, oportunizando o alcance de um nível satisfatório de independência – condição essencial para a sua Integração familiar e social.

 

Atividades a serem desenvolvidas pelo Serviço Social:

·        Triagem: atendimento da clientela encaminhada ao CRPC para reconhecimento e orientação  do caso;

·        Avaliação Social: avaliação social de novos clientes para a verificação das condições sócio-econômicas, bem como de aspectos familiares e sociais que compõe a sua situação específica;

·        Reavaliação Social: reavaliação social, de acordo com as necessidades e solicitações da equipe técnica;

·        Matrículas Orientadas: nesta oportunidade  é feita a orientação e interpretação para o cliente, da dinâmica de atendimento do CRPC, motivando-o para uma efetiva participação no processo de reabilitação e profissionalização, bem como, estipulando a taxa de contribuição mensal;

·        Encaminhamentos: mobilização de recursos de entidade e comunitários para o encaminhamento do cliente  e familiares para atendimentos de necessidades de ordem médica e assistencial;

·        Faltas: verificação de motivos de faltas de clientes, através da visita domiciliar ou abordagem individual, conscientizando a ele e a sua  família da importância do atendimento;

·        Desligamentos: efetivar entrevistas de desligamento, avaliando com o cliente, seu processo de atendimento e o nível de desenvolvimento alcançado;

·        Orientação: orientar, através da abordagem individual e/ou grupal, os clientes e respectivos familiares;

·        Integração: participar de programas de integração, a nível comunitário,desenvolvendo articulação com órgãos da área social, com vistas à elevação do nível de bem-estar dos clientes atendidos;

·        Colocação e Acompanhamento no Mercado de Trabalho: efetuar, juntamente com a equipe técnica, a colocação do cliente apto ao mercado de trabalho, bem como acompanhar seu desempenho profissional durante os três  primeiros meses;

·        Convênio: Supervisionar a execução de convênios entre as instituições, coordenando a elaboração de relatórios e documentos pertinentes;

·        Bolsas de Estudos: supervisionar a aplicação de bolsas de estudo para clientes carentes, mantendo a articulação necessária com pessoas ou órgãos de comunidade.

 

4.2- Atendimento Psicológico

O serviço de Psicologia terá como objetivo geral, o desenvolvimento pessoal e psicológico do indivíduo portador de deficiência visual, através de processos que provoquem e /ou orientem mudanças com maior aproveitamento de suas potencialidades, afim de que,  dentro de suas limitações, consiga atingir satisfatório grau de independência pessoal.

Atividades a serem desenvolvidas pelo serviço de psicologia:

 

4.3- Atendimento Pedagógico

O serviço de pedagogia terá por objetivo geral, a elaboração do currículo básico do CRPC, bem como, promover sua manutenção, de acordo com as exigências  da clientela, alterando-o e aprimorando-o, sempre que se fizer necessário. O serviço de pedagogia deverá, também, avaliar, observar, acompanhar e orientar tecnicamente, alunos e professores, no que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem. Deverá também, auxiliar, na adoção e adaptação de material didático, no planejamento e elaboração detestes e provas. Deverá ainda, manter articulação direta e sistemática com o administrador das oficinas de produção, visando à conciliação técnica-administrativa das atividades realizadas. Encaminhará clientes ao ensino regular ou supletivo e as diversas etapas do processo de reabilitação e profissionalização, conjuntamente com demais membros da equipe técnica. Sugerirá reciclagens ou cursos de aperfeiçoamento e auxiliará na busca de alternativa de trabalho para a área de profissionalização.