UMA BREVE HISTÓRIA DO CBL |
Nossa história
O Clube da Boa Leitura teve seu embrião nas reuniões de amigos que Beno Arno Marquardt, professor do Instituto Benjamin Constant, organizava em um pequeno quarto de sua casa, na Rua Dr. Xavier Sigaud, na Urca, Rio de Janeiro. A motivação inicial do grupo era a leitura de obras em Braille, e logo se estendeu para a gravação em fitas cassete disponibilizadas graciosamente a pessoas com deficiência visual. Daí para a criação de uma biblioteca de livros falados foi um pulo. Estava fundado assim o Clube da Boa Leitura, em janeiro de 1970, uma instituição sem fins lucrativos e contando apenas com a contribuição de uns poucos sócios, cegos em sua maioria, cuja participação, com opiniões, críticas e sugestões, foi fundamental para a posterior e boa administração do clube.
Nos primeiros anos de sua existência, o CBL funcionou precariamente nos fundos da residência de seu fundador, recebendo a colaboração de alguns poucos voluntários que, não obstante as crescentes dificuldades, fizeram-no avançar firmemente no seu propósito. Foi ali que se estabeleceu a atual sistemática de gravação e acomodação das fitas em caixas de papelão com sua identificação em Braille. Com a chegada de novos participantes, veio também a necessidade de dar cunho oficial ao Clube, pois a cada dia o projeto adquiria mais importância. O registro efetuado em 21 de novembro de 1974 deu-lhe figura jurídica e seu primeiro presidente foi o professor Beno Arno Marquardt, tendo como vice-presidente a senhora Elôra de Souza Leão Andrade.
Ainda que precariamente instalado nos fundos da casa do professor, o CBL prosseguia com seu trabalho solidário até que se descobriu que uma insólita praga de cupins vinha se infiltrando nas caixas e nas prateleiras onde ficavam guardadas as fitas, as quais restaram milagrosamente preservadas. Era hora, no entanto, de procurar outro local, porque ali danos maiores poderiam ser causados tanto ao ambiente quanto à residência do professor. E a solução veio graças à ideia de um voluntário e à solidariedade do diretor de um colégio situado nas redondezas, que sugeriu a utilização das dependências de uma Associação vizinha. A partir de então, e durante certo tempo, o Clube da Boa Leitura deveu sua existência à hospitalidade de uma pequena biblioteca pertencente àquela Associação, que, assim, tornou possível a continuação do sonho de seus abnegados fundadores. Mas a Associação, infelizmente, precisou reduzir o espaço que cedera ao Clube, obrigando-o a buscar outros caminhos. Nessa época, a presidência já era exercida por Elôra de Souza Leão Andrade, cuja gestão durou de 1975 a 1998.
Pelas corajosas instâncias que fez junto à imprensa, no início da década de 1980, a presidente do Clube conseguiu contato com dona Léa Leal, assistente social muito ligada à então presidente da Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA), a então primeira-dama, dona Dulce Figueiredo. Por intermédio dela, a LBA cedeu ao Clube uma pequena sala em suas dependências na Rua São Salvador, 56, nas Laranjeiras, sendo-lhe permitido, com o passar do tempo, ampliar um pouco esse espaço. Extinta a LBA, em janeiro de 1995, o Clube todavia ali permaneceu, por especial deferência da União Federal, que, dessa forma, demonstrou reconhecer o título de utilidade pública que havia sido outorgado ao CBL, pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, nos termos da Lei nº 858, de 17 de junho de 1985. A biblioteca do Clube funciona até hoje nesse mesmo endereço. E desde 1998, a presidência é exercida pela senhora Ocirema Rodrigues Alves (também conhecida como Cira).
Depois de meio século da sua fundação, o Clube da Boa Leitura tem hoje cerca de 400 associados na maioria dos estados brasileiros e conta com mais de 70 voluntários trabalhando em prol de pessoas com deficiência visual, dividindo as tarefas de gravar, organizar, catalogar, enviar e receber as fitas cassete e os CDs gravados pelos seus ledores, num acervo que já ultrapassa 4.000 títulos, distribuídos nos mais diversos assuntos, dos clássicos universais aos best-sellers atuais, incluindo romances, livros religiosos, espiritualistas, de autoajuda e históricos.
Sem ônus obrigatório de qualquer espécie para seus associados, a biblioteca do Clube atende com agilidade e presteza aos seus pedidos, remetendo-lhes, via Correios ou mediante entrega pessoal em sua sede, fitas cassete acomodadas em caixas com cerca de 20 fitas cada uma, em média; a gravação de um único livro pode ocupar até 38 fitas.
Ao colocar gratuitamente esses livros à disposição de seus associados, o Clube da Boa Leitura aumenta o nível e a qualidade das informações que estão ao alcance deles, tornando-os pessoas mais atualizadas e participantes. Agindo assim, o CBL atende ao principal objetivo de sua criação: propiciar inserção social e lazer não só aos seus associados cegos ou com baixa visão como também àqueles que, por qualquer motivo, não têm mais condições de desfrutar do prazer da leitura de um livro impresso.
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