Como Usamos a Bengala e o Teclado de Computador.

 

A Bengala.


A técnica de locomoção é simples: com o braço esticado para a frente leva-se a bengala para o lado da perna que está atrás. Dessa forma a bengala mostra sempre que a perna detrás pode ir para frente, que se pode dar o passo. Quando isso acontece, joga-se a bengala para o lado oposto, ou seja, para o lado da perna que ficou para trás com o passo dado. Se a bengala esbarrar em algo, é só parar e estaremos a um passo do obstáculo. Desse jeito, fica-se sempre a um passo atrás de um possível perigo. De resto, é só perder o medo e a vergonha.

Trecho do meu livro "Sopro no Corpo".

 

CUIDADO com o CEEEGOOO!!!

 

Teclado de Computador.


Muitas pessoas se perguntam como cegos conseguem digitar no teclado de um computador. A maioria imagina que possuímos um teclado especial em Braille ou, ainda, que nos utilizamos de computadores com softwares do tipo "comando de voz", que nos obedecem ao mandarmos executar tarefas, ou seja, sem utilizar o teclado.

Existem, realmente, teclados especiais para vários tipos de deficiência, inclusive a nossa. Para nós, porém, não constituem uma grande vantagem, na maioria das vezes, nem pequena, já que o teclado comum, o de todos os computadores, nos oferece todas as condições de digitação que necessitamos para realizar tal tarefa.

Para começar, percebam que todo teclado, por convenção internacional de datilografia proveniente das antigas máquinas com esse nome, possuem pontos de referência em posições estratégicas para uma boa localização tátil do teclado. Dessa forma, as letras "f" e "j" possuem um ponto que, quase sempre, não são observados pelas pessoas que não sejam profissionais de digitação ou pessoas muito rápidas nesse serviço. Assim, caso já não o tenha feito antes, você pode sentir que nas teclas dessas letras há um ponto pequeno e, em geral, da cor da tecla, na parte central inferior, perfeitamente perceptível pelos dedos. Utilizamo-nos deles para colocarmos os indicadores e, a partir daí, encontrarmos todas as teclas que necessitarmos.

Com as mãos nas teclas alfabéticas centrais a partir dos indicadores na "f" e "j", dedos médios na "d" e "k", anelares na "s" e "l", mínimos na "a" e "tecla de acentuação/pontuação" e, finalmente, com os dedos polegares na barra de espaço, podemos alcançar as outras facilmente. Por exemplo, subindo-se uma carreira do teclado com o dedo médio esquerdo alcançarei o "e" e se continuar mais uma carreira nessa subida, chegarei ao "3". Posso também abaixar o dedo indicador direito e encontrarei o "m", ou no teclado básico, teclar o "h" indo uma tecla para a esquerda do "j".

Na parte direita do teclado, a existência desse ponto na tecla "f" e "j" se repete na tecla "5" do teclado numérico, que nos posiciona nessa parte do teclado em específico.

Como podem notar, como as teclas nunca fogem de suas posições, não existe mistério em um cego digitar em um micro computador. Com o auxílio dos ledores de tela/sintetizadores de voz, softwares sonoros que podem, segundo nossa configuração, ir dizendo cada letra que está sendo digitada naquele momento, a tarefa torna-se fácil. Caso escutar letra a letra seja especialmente aborrecido para o sujeito, este pode desconfigurar tal fala, digitar tudo e ir corrigindo os erros depois, lendo tudo de uma vez, parando nos erros audíveis e consertando a palavra ou número. Tais softwares ainda podem ler, além da tela inteira e letra por letra, palavra por palavra ou linha por linha, abrindo o leque de opções.

Existem pessoas que enxergam que são lentas na digitação, como outras muito rápidas. Conosco ocorre o mesmo. Tudo é uma questão de prática e necessidade.

MAQ.


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Bengala Legal.