Muitas pessoas não deficientes ficam confusas quando encontram uma pessoa com deficiência. Isso é natural. Todos nós podemos nos sentir desconfortáveis diante do "diferente". Esse desconforto diminui e pode até mesmo desaparecer quando existem muitas oportunidades de convivência entre pessoas deficientes e não deficientes.
Define-se, abaixo, em linhas gerais, um modo de tratamento "adequado" às interações entre deficientes visuais e sociedade. Mas não tenha receio de fazer ou dizer alguma coisa errada. Aja com naturalidade e tudo vai dar certo.
* Não trate as pessoas cegas como seres diferentes somente porque não podem ver. Saiba que elas estão sempre interessadas no que você gosta de ver, de ler, de ouvir e falar e, principalmente, no que está ocorrendo ao seu redor: descreva as cenas relevantes.
* Não generalize aspectos positivos ou negativos de uma pessoa cega que você conheça, estendendo-os a outros cegos. Não se esqueça de que a natureza dotou a todos os seres de diferenças individuais mais ou menos acentuadas e de que os preconceitos se originam na generalização de qualidades, positivas ou negativas, consideradas particularmente.
* Não se dirija ao deficiente visual como "cego" ou "ceguinho e não fale com a pessoa cega como se fosse surda; o fato de não ver não significa que não ouça bem.
* O deficiente visual quer ser tratado com igualdade; não existe sexto-sentido ou compensação da natureza. o que existe é o desenvolvimento de recursos latentes e uso dos outros sentidos.
* Se encontrar algum deficiente visual que precise de ajuda, identifique-se, faça-o perceber que você está falando com ele e ofereça auxílio.
* Caso sua ajuda como guia seja aceita, coloque a mão da pessoa no seu cotovelo dobrado. Ela irá acompanhar o movimento do seu corpo enquanto você vai andando. Recomenda-se que o guia fique meio passo a frente, evitando os obstáculos. À medida que se encontrarem degraus, meios-fios, postes, floreiras, lixeiras e outros obstáculos, deve-se informar antecipadamente ao deficiente visual. Em passagem estreita, colocar o braço para trás, de modo que ele perceba seu movimento e possa segui-lo.
* Para ajudar uma pessoa cega a sentar-se, você deve guiá-la até a cadeira e colocar a mão dela sobre o encosto da mesma, informando se esta tem braço ou não. Deixe que a pessoa sente-se sozinha.
* Ao explicar direções para uma pessoa cega, seja o mais claro e específico possível, de preferência, indique as distâncias e posições: a sua esquerda, daqui mais ou menos 3 passos, uns 5 metros a sua frente...
* Fique a vontade para usar palavras como "veja" e "olhe". As pessoas cegas as usam com naturalidade.
* Não deixe de se anunciar ao entrar no recinto onde haja pessoas cegas, isso auxilia a sua identificação.
* Quando for embora, avise sempre o deficiente visual, evitando que continue conversando sem a presença do interlocutor.
* Não deixe de apertar a mão de uma pessoa cega ao encontrá-la ou ao despedir-se dela. O aperto de mão substitui para ela o sorriso amável.
* Não se dirija à pessoa cega através de seu guia ou companheiro, admitindo assim que ela não tenha condição de compreendê-lo e de expressar-se.
* Não deixe portas e janelas entreabertas onde haja alguma pessoa cega. Conserve-as sempre fechadas ou bem encostadas à parede, quando abertas. A portas e janelas meio abertas constituem obstáculos muito perigosos para ela.
* Os estudantes com deficiência visual não têm a mesma possibilidade que os seus colegas em tirar apontamentos das aulas. Recorrem a utilização de outros recursos e ferramentas que ofereçam-lhe a oportunidade de participação, como gravação das aulas, materiais ampliados, código Braille, lupas, entre outros.
* Caso o material não esteja disponível no formato adequado, o docente deverá fornecer elementos referentes ao conteúdo que irá ser trabalhado.
* Nas aulas deverão ser evitados termos como "isto" ou "aquilo", uma vez que não têm significado para um estudante que não vê.
* Quando utilizar o quadro ou qualquer recurso visual, o docente deverá ler o que está escrito para que, o estudante, tenha noção do que está sendo apresentado.
* Quando recorrer a quadros, figuras ou slides deverá descrever o seu conteúdo. Alguns estudantes que não nasceram cegos, que ainda conservam algum resíduo visual, têm uma memória residual de objetos, figuras, etc.
* Atividades realizadas oralmente nem sempre atingem o resultado proposto. Lembre-se que o deficiente visual utiliza o Sistema Braille para o acesso ao conhecimento (leitura e escrita) e, por isso, não deve ser considerado analfabeto.
* Utilize sempre materiais diversos, como sucata, plástico, papel, isopor,, pinos, texturas, etc, para apresentar os conceitos. Na ausência da visão, todas as informações precisam do tato para serem interpretadas.
* Elabore sua aula de forma que todos possam participar das atividades, inclusive o aluno com deficiência visual: isso é "INCLUSÃO".